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Crise entre Estados Unidos e China ameaça o mundo, diz chefe do FMI

25.jan.2019 - Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI - Arnd Wiegmann/Reuters
25.jan.2019 - Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI Imagem: Arnd Wiegmann/Reuters

Rolf Kuntz, enviado especial

Em Washington

18/10/2019 07h04

Fortalecer o comércio internacional é a primeira das cinco prioridades globais apontadas pela nova diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, em sua primeira entrevista coletiva na assembleia anual da instituição. A mudança deve começar pelo encerramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Ela citou nominalmente os dois países. Documentos oficiais do Fundo geralmente mencionam "tensões comerciais".

A perspectiva global é precária, afirma Georgieva na apresentação de sua agenda política imediata. O conjunto de riscos, acrescenta, está ligado em primeiro lugar a uma possível ampliação das tensões no comércio e a crescentes vulnerabilidades financeiras. Há também o risco, segundo sua análise, de contaminação do câmbio e das condições monetárias por aquelas tensões. Isso agravaria a desaceleração econômica já observada na maior parte do mundo.

É preciso, segundo Georgieva, fazer do comércio um motor do crescimento econômico e da geração de empregos. Para isso, será necessário valorizar o sistema internacional e promover a paz no mercado global, acrescentou. Uma escalada na guerra de tarifas poderá custar 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, havia indicado dois dias antes a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath.

Política monetária

Usar com sabedoria a política monetária é a segunda recomendação. Isso inclui manter crédito fácil e juros baixos, levando em conta, ao mesmo tempo, riscos associados ao dinheiro muito barato. Mantida por muitos anos, a política frouxa dos grandes bancos centrais estimulou a economia, mas favoreceu operações arriscadas e incentivou o endividamento. Maior vulnerabilidade a choques financeiros é uma das consequências, como já apontaram estudos do FMI.

Mover a economia por meio de incentivos fiscais, onde houver espaço para isso, é a terceira prioridade.

A quarta é avançar em reformas estruturais, para tornar as economias mais seguras, mais produtivas e com maior potencial de crescimento. Será preciso dar atenção às mudanças tecnológicas e a seus efeitos no emprego e atenuar os custos sociais da transformação.

Fortalecer a cooperação internacional é a quinta recomendação, um tema repetido em todas as manifestações de economistas e dirigentes do Fundo Monetário Internacional nesta semana.

Cooperação e multilateralismo estão associados a todas as linhas de ação valorizadas no pronunciamento da diretora-gerente Kristalina Georgieva. O pano de fundo, o sistema multilateral sob ataque dos novos governos populistas e nacionalistas, foi mantido como um dado implícito. Esse pano de fundo inclui o abandono do Acordo de Paris sobre o clima e o risco de enfraquecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Modernização

Para fortalecer o sistema comercial baseado em regras será preciso, segundo Georgieva, modernizá-lo com abertura maior nas áreas de serviços e de comércio eletrônico. Também será necessário dar maior atenção a normas para subsídios agrícolas e industriais, investimentos e transferência de tecnologia. Com sua experiência em cooperação monetária e cambial, o Fundo está preparado, segundo a diretora-gerente, para trabalhar com a OMC na promoção de um sistema comercial mais eficiente.

Mudança climática também aparece como um tema importante na agenda política da nova diretora. O trabalho já iniciado envolve, entre outros pontos, o assessoramento sobre formação de preços para o carbono e outros instrumentos destinados a facilitar a transição para uma economia mais verde. No folheto de dez páginas com a agenda política de Georgieva alguns tópicos especiais são destacados com fundo azul. A atenção às questões climáticas é um deles. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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