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Efeito negativo de reformas no curto prazo é revertido no longo prazo, diz FMI

Bárbara Nascimento

São Paulo

13/11/2019 14h00

Saber o momento exato de implementar uma reforma é a chave para suavizar efeitos negativos de mudanças estruturais. Essa é a opinião do economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) Guzman Gonzalez-Torres. Durante palestra na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP), ele afirmou que algumas reformas, quando implantadas em épocas de crise, acabam gerando efeitos negativos no curto prazo. É o caso de reformas trabalhistas, por exemplo.

Em média, disse, estudo feito pelo Fundo mostra que reformas no mercado de trabalho em tempos de crise acabam gerando ainda mais desemprego no curto prazo. "Imagine que você tornou mais fácil contratar e demitir empregados. Em bons tempos, pessoas contratam mais e você tem mais efeito. Mas se você faz isso durante uma recessão, as empresas vão demitir. O efeito pode ser negativo no curto prazo", avaliou.

Ele ponderou, no entanto, que o estudo - que considerou reformas estruturais em 75 países - mostra que, em todos os casos, os efeitos negativos das mudanças são revertidos no longo prazo.

O economista destacou ainda que, em todos os casos, não há efeitos imediatos. "Leva um pouco para que efeitos apareçam, ao menos um par de anos", afirmou.

Gonzalez-Torres afirmou que é importante que os governos foquem em aplicar reformas em tempos de boa situação econômica. Caso contrário, precisam se assegurar de que os efeitos negativos sejam dirimidos para que o governo seguinte não desfaça as reformas feitas, sob o julgamento de que não funcionaram no curto prazo. "No caso do mercado de trabalho, por exemplo, você pode fazer com que novas regras só valham para novas contratações", disse.

Anteriormente, o chefe de Divisão de Estudos Regionais do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Jorge Roldos, afirmou que o grande problema das reformas na América Latina como um todo é a falha de comunicação.

Segundo ele, os governos da região têm tido dificuldades em explicar para a sociedade os benefícios das reformas que pretendem realizar em seus países. "O ponto é que precisamos de muita explicação para impulsionar as reformas", disse.