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Dólar volta a subir, máxima do dia vai a R$ 4,27 e mercado fica de olho em leilão

Silvana Rocha. Colaboraram André Ítalo Rocha e Flavio Leonel

São Paulo

27/11/2019 12h52

O dólar à vista atingiu nova máxima em R$ 4,2711 (+0,73%) no início da tarde desta quarta-feira, 27. O valor ainda está abaixo da máxima registrada na manhã da terça-feira, 26, quando a moeda norte-americana bateu em R$ 4,2772, o que levou o Banco Central a realizar o primeiro, dos dois leilão do dia, de venda de dólar spot.

O operador Cleber Alessie Machado Neto, da corretora H.Commcor, diz que o mercado se ajusta ao dólar forte no exterior após os indicadores positivos norte-americanos, além de que o mercado local passou a trabalhar com tendência de alta após a sinalização do ministro da Economia, Paulo Guedes, de tendência de dólar alto e juros baixos.

"Só deve aliviar se o BC entrar com leilão de venda de moeda spot", avaliou o profissional.

Segundo ele, o mercado vem gradualmente aceitando o dólar alto e isso vem apoiando o movimento de zeragem de posições vendidas e fluxo negativo.

A moeda norte-americana chegou a abrir em queda de 0,3% em relação ao real, cotada a R$ 4,2274. Depois, começou a subir e registrou uma alta de 0,57%, aos R$ 4,2549.

Para o diretor-superintendente da corretora Correparti, Jefferson Rugik, o mercado está tentando achar um ponto de equilíbrio, após a forte alta da terça-feira. "Repercute ainda nas mesas o discurso do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que deixou bem claro que, se preciso for, a autoridade monetária voltará e utilizar de sua artilharia para evitar uma alta excessiva da moeda."

Em evento na terça-feira, Campos Neto afirmou que o BC voltará a intervir no mercado, se identificar movimentos "disfuncionais" na cotação da moeda. "Se amanhã (hoje) o BC entender de novo que há um movimento disfuncional e que há gap de liquidez, voltaremos a fazer intervenção. Mas essas intervenções não têm capacidade de alterar movimentos de longo prazo, que têm como origem bases macroeconômicas. Elas apenas atenuam o movimento de curto prazo", disse.

A alta do dólar frente o real nesta manhã se alinha também ao viés positivo do índice DXY, que compara a moeda americana frente uma cesta de seis moedas fortes, na esteira do otimismo dos investidores com as negociações comerciais entre Estados Unidos e China.

O diretor de Política Monetária e Política Econômica do Banco Central, Bruno Fernandes, reiterou nesta quarta-feira que a instituição não atua no mercado de câmbio para perseguir um nível específico, mas, sim, para prover liquidez quando há "mau funcionamento" no mercado.

"É o nosso dever. O BC entende que fez isso em agosto, fez isso com os dois leilões de ontem, foi uma dinâmica parecida, no pior novembro em muitos anos, com o mercado especulando em cima de highlights, declarações, sem fundamento. Então, o BC achou bem por bem intervir, olhando o mau funcionamento, não o nível de câmbio", explicou Fernandes, participante de seminário da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento e Mercado de Capitais (Apimec) em São Paulo.

O diretor ressaltou ainda que, se o mercado não operar adequadamente, o BC fará uma nova intervenção.