Construção civil é destaque na alta da taxa de investimentos
Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve aumento tanto na importação de máquinas e equipamentos quanto na produção doméstica de bens de capital, ao mesmo tempo que a construção civil registrou expansão, o que impulsionou o crescimento da FBCF.
A indústria da construção civil cresceu pelo segundo trimestre seguido. O avanço de 4,4% ante o terceiro trimestre de 2018 foi a segunda alta nessa base de comparação após uma sequência de 20 trimestres de queda na atividade. A perspectiva é que a participação do setor cresça nos próximos trimestres, quando os estandes de novos empreendimentos residenciais se transformarem em obras, movimentando mais trabalhadores, insumos e serviços.
"O mercado imobiliário ainda tem uma contribuição restrita para o PIB. A tendência é que esse mercado venha a aparecer mais fortemente no nível de atividade daqui para frente", explicou Ana Maria Castelo, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) frisa que, apesar de sinalizar recuperação, a taxa de investimento está há 66 meses abaixo do nível anterior à recessão de 2014 a 2016, no primeiro trimestre de 2014. A entidade alerta que a recuperação tende a ser lenta, mas acredita que, em 2020, o setor de infraestrutura - responsável por obras de grande porte e que segue patinando - tende a contribuir de forma mais positiva para a economia, puxado por iniciativas como alterações regulatórias em setores como petróleo e gás natural, saneamento e energia elétrica.
Se sustentou os investimentos pelo lado da demanda, o início da recuperação da construção civil também contribuiu, pelo lado da oferta, para o avanço no PIB industrial, embora o crescimento de 0,8% da indústria no terceiro trimestre em relação ao período imediatamente anterior tenha sido marcado por variações divergentes entre as atividades.
A indústria extrativa avançou 12% ante o segundo trimestre e também impulsionou o PIB industrial. O salto ocorreu sob os efeitos de um aumento da produção de petróleo e gás no pré-sal, associado a um arrefecimento dos impactos negativos do desastre com a barragem da Vale em Brumadinho (MG), ocorrido em janeiro.
Já a indústria de transformação, coração da atividade industrial, ficou no negativo tanto na comparação com o segundo trimestre (-1,0%) quanto com o terceiro trimestre de 2018 (-5,0%). Houve influência da redução nas exportações para a Argentina, principal mercado consumidor da indústria automotiva nacional, mas também da desaceleração no ritmo de crescimento mundial, especialmente da China.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o quadro industrial do País inspira cuidados. /COLABOROU CIRCE BONATELLI
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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