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Com venda de ações da Marfrig, BNDES começa a sair dos campeões nacionais

Fernanda Guimarães

São Paulo

18/12/2019 14h18

A política de fortalecimento de grupos brasileiros, por meio de financiamento público via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que deu origem aos "campeões nacionais", começou a ser desmontada oficialmente na terça-feira, 17. Foi quando foi finalizada a venda de uma nova emissão de ações da Marfrig para que o banco de fomento pudesse vender a fatia de 34% que detinha no frigorífico.

Na última semana antes das festas de fim de ano que costumam paralisar o mercado financeiro, o BNDES colocou em seu caixa cerca de R$ 2 bilhões com a venda dos papéis.

Para 2020, o movimento ganhará tração e a carteira de ações do banco, hoje de R$ 120 bilhões, deve terminar o ano abaixo de R$ 80 bilhões, conforme o cronograma que já circula no mercado. Essa é a promessa de Gustavo Montezano, à frente do BNDES desde julho.

Para janeiro do ano que vem, também está engatilhada a venda de metade da participação da instituição em outro campeão nacional: a JBS.

A operação também será feita via uma oferta de ações, e deve render mais de R$ 8 bilhões ao BNDES. Logo depois, até março, está no cronograma venda de parte das ações ordinárias da Petrobrás nas mãos do BNDES. O banco de fomento possui cerca de 19% das ações preferenciais e 10% das ordinárias (com direito a voto) da petroleira que, hoje, valem cerca de R$ 56 bilhões. A participação, contudo, não deverá ser desfeita integralmente em 2020.

A segunda metade de sua participação de JBS ocorrerá ainda no ano que vem e a ideia é encerrar 2020, assim, sem nenhuma participação do frigorífico da família Batista. O BNDES possui cerca de 21% de participação na JBS.

No cronograma ainda para 2020, além de Petrobrás e JBS, estão previstas as vendas das ações da siderúrgica Tupy e da empresa de energia Copel. Dentre outras gigantes que o BNDES possui participação estão, ainda, empresas como Embraer, Vale e Suzano.

Histórico

O BNDES injetou quase R$ 1 bilhão em capital na Marfrig entre 2007 e 2009 e ainda aceitou comprar mais R$ 2,5 bilhões em títulos de dívida conversíveis em ações emitidas pelo frigorífico em julho de 2010 para financiar a compra da americana Keystone Foods. Em 2017, os títulos foram convertidos em ações e o BNDES ampliou sua participação, encostando no fundador do frigorífico, Marcos Molina, que possui 36,43%.

A Marfrig confirmou o preço da ação no follow on, com a saída do BNDES, a R$ 10, apesar da tentativa de puxar o preço para R$ 10,25. Em fato relevante na noite de terça, a Marfrig explicou que os recursos oriundos da oferta serão destinados para pré-pagamento de dívidas. O dinheiro deve ajudar no pagamento de seu aumento de participação na controlada norte-americana National Beef, anunciada recentemente, em um negócio de US$ 860 milhões.