Recessão longa e profunda derrubou produtividade da indústria
"Quando a gente abrir a economia, e é isso que se espera de um governo liberal, a tendência é que a gente não tenha recuperação no número de empresas. Porque abrir a economia vai exigir um grau de esforço de produtividade das indústrias daqui e seguramente muitas delas não estão preparadas", previu Bentes.
Para André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, a recuperação industrial brasileira tem sido prejudicada por diferentes fatores. Alguns são estruturais, como carga tributária elevada. Outros são conjunturais, como a crise na Argentina, os mais de 12 milhões de desempregados e o ambiente de incertezas elevadas desde 2018, que afeta decisões de consumo e de investimentos.
"Tem uma série de fatores influenciando e o setor industrial não consegue de forma alguma deslanchar", avaliou Macedo. "Tem algum tipo de recuperação, mas sem fôlego para eliminar as perdas do passado."
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria brasileira, que mostra quanto do parque industrial está sendo usado, desceu a 75,1% na passagem de novembro para dezembro. Os dados são da Sondagem da Indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV). A última vez que o Nuci esteve acima de 80% foi em 2014. Desde 2015 o nível de utilização da capacidade instalada gira em torno de 70%.
"Isso significa que a capacidade ociosa (parte dos equipamentos fabris que não é utilizada) da indústria está bastante elevada", ponderou a economista Renata Santos de Mello Franco, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV). Significa que o uso da capacidade produtiva está bem abaixo da média histórica, que fica em torno de 79,9% a 80%.
O levantamento da CNC sobre o fechamento de unidades industriais foi feito com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), hoje sob responsabilidade do Ministério da Economia. Também foram usadas informações das Contas Nacionais do IBGE.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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