Em meio a crise e brigas internas, Grow retira patinetes de 14 cidades do País
Nessa quarta-feira, 22, a startup começou a recolher seus patinetes em 14 cidades do País - agora, vai passar a operar só em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Já o compartilhamento de bicicletas será interrompido em todo o País, para "checagem das condições de operação e segurança". Em nota, a Grow confirmou que fará demissões, embora tenha negado a revelar o número ao jornal O Estado de São Paulo, citando "razões estratégicas". O anúncio do freio nas operações da Grow é o segundo baque no mercado de micromobilidade no Brasil - há duas semanas, a americana Lime deixou de oferecer patinetes na América Latina.
Tropeços.
Segundo pessoas próximas à Grow, a falta de capital afetou a saúde da empresa. Em 2019, havia expectativa de uma nova rodada de aportes - em abril, o jornal O Estado de São Paulo chegou a noticiar que a startup negociava investimentos de US$ 150 milhões liderados pelo grupo japonês SoftBank. A negociação não foi adiante, e a Grow ficou com o caixa prejudicado. Procurado, o SoftBank não comentou.
Pesou também a divisão entre os sócios brasileiros e mexicanos: desde o início, a Grin apostava nos patinetes. Já a Yellow via as bicicletas, de preços mais acessíveis, como porta de entrada de novos usuários. Havia uma questão estratégica: cofundador da Yellow, Eduardo Musa, foi presidente da Caloi. Os outros dois cofundadores da brasileira, Renato Freitas e Ariel Lambrecht, também fundaram a 99, primeira startup brasileira a se tornar unicórnio.
A queda de braço entre brasileiros e mexicanos foi vencida pela ala da Grin, com maior poder no conselho de administração após a fusão. Essas disputas internas teriam prejudicado o foco no negócio e levado Lambrecht a se afastar do dia a dia da empresa. A assessoria de imprensa da Grow disse que o executivo é apenas "fundador e acionista" da companhia.
Assim, toda a ala da Yellow deixou a operação - Freitas e Musa já não são sócios da empresa desde 2019. Em nota, a startup afirmou que a reestruturação "não se baseou em questões de liderança."
Dificuldades.
Segundo fontes, houve também vários erros operacionais. O custo das corridas em patinetes - de R$ 8 para cada dez minutos - seria considerado alto pelos clientes. A expansão acelerada, de 4 para 17 municípios em apenas um ano, também não teria levado em consideração as particularidades de cada local. A falta de resistência e a difícil manutenção dos patinetes e das bicicletas, que têm muitas peças importadas, agravaram a situação.
Aposta para reduzir problemas e baratear a operação, a fábrica de bicicletas e patinetes na Zona Franca de Manaus não saiu do papel - o plano era entregar as primeiras unidades ainda no início de 2020. Questionada, a Grow disse que ainda avalia como seguirá com o projeto.
Por fim, a falta de regulamentação sobre o uso de patinetes e a falta de diálogo entre autoridades e startups levou à apreensão de patinetes na capital paulista, em julho.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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