Ociosidade pode continuar produzindo inflação abaixo do esperado, diz BC na ata
Por outro lado, o BC pontuou que o atual grau de estímulo - com a taxa Selic no menor nível da história - pode acabar elevando a inflação para acima do esperado no horizonte relevante da política monetária. O Copom lembra que os cortes na taxa básica de juros atuam com defasagens sobre a economia.
O BC aponta ainda que, dado o atual nível da Selic, o risco de uma inflação maior que a esperada se intensifica caso as transformações na intermediação financeira e no mercado de crédito e capitais aumentem a potência da política monetária.
O risco de inflação mais alta também fica maior em caso de deterioração do cenário externo para as economias emergentes ou em caso de frustração sobre a continuidade das reformas na economia brasileira.
'Múltiplas incertezas'
O Banco Central avaliou na ata que existem "múltiplas incertezas no que tange ao atual grau de ociosidade, à velocidade de recuperação da economia e ao aumento da potência da política monetária, que atua com defasagens na economia". Em função disso, conforme o BC, "é importante observar os efeitos do ciclo de estímulo monetário iniciado em 2019".
Na semana passada, o Copom promoveu o quinto corte consecutivo da taxa Selic. Em suas comunicações, incluindo a ata desta terça, o BC vem sinalizando que não pretende promover novo corte no encontro de março do colegiado, por conta das reduções já promovidas e dos efeitos defasados do ciclo.
"O Comitê avalia que uma melhor compreensão desses efeitos é essencial para definir os próximos passos da política monetária", citou o BC na ata.
Inflação subjacente
No documento divulgado nesta terça, o BC também repetiu a ideia de que as "diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária". Esta avaliação já constou no comunicado do Copom, divulgado na quarta-feira passada.
'Dicotomia'
Os membros do Copom ainda avaliaram na ata que há uma "dicotomia" entre a evolução do mercado de trabalho e o crescimento da produção de bens e serviços no País. "Enquanto o mercado de trabalho segue em recuperação gradual, os dados recentes de produção industrial e os indicadores preliminares de investimento tiveram desempenho abaixo do esperado", destacou o Copom.
Por isso, o documento relata que alguns membros do colegiado avaliaram que o esgotamento do modelo de alocação centralizada de capital e a longa duração da recessão podem ter produzido restrições de oferta.
"Nesse sentido, a dicotomia dos últimos dados sugere que pode haver menos espaço de ociosidade do que o mensurado por métodos tradicionais", acrescentou a ata.
Ainda assim, o BC repete a avaliação de que os dados de atividade econômica indicam a continuidade do processo de recuperação gradual da economia brasileira.
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