'A maior dificuldade no país é encontrar mão de obra qualificada', diz chefe da Amazon no Brasil
A Amazon, gigante americana do comércio eletrônico, que, desde janeiro de 2019, vem investindo pesado na venda online de uma infinidade de produtos do seu próprio estoque - mais de 120 mil, de fraldas a itens para pets, além de livros -, aponta dificuldade de contratação rápida de trabalhadores como um grande obstáculo ao avanço da operação no País.
"Temos mais de 200 posições em aberto", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o presidente da Amazon no Brasil, Alex Szapiro. A afirmação ganha relevância no momento em que há no País quase 12 milhões de desempregados. A empresa emprega no País, entre contratados diretos e indiretos, mais de 2 mil pessoas.
A maioria das vagas oferecidas é para funções corriqueiras, como vendas, publicidade, gerenciamento de contas, por exemplo. Szapiro explicou que a dificuldade é encontrar mão de obra qualificada que preencha o perfil exigido, como falar inglês, por exemplo, e, acima de tudo, ter foco no cliente, a principal obsessão da varejista online. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Como está o desempenho da Amazon no País após lançar a venda de itens do próprio estoque e o Prime (serviço de streaming com direto a frete grátis)?
Não revelo dados de vendas. Mas estão acima das expectativas e superaram muito a meta. Na história da empresa, o Brasil foi o país que mais cresceu, nos primeiros seis meses, o número de assinantes do Prime.
O que levou a esse crescimento mais rápido?
O valor. Quando o Prime foi lançado nos Estados Unidos 15 anos atrás, o serviço não tinha todos esses benefícios. Eles foram se desenvolvendo ao longo do tempo. Primeiro foi a entrega gratuita das compras, depois vídeo e música. Cada país tem suas nuances e preços diferentes. Não lançamos o Prime olhando outros países, olhamos para o Brasil. O objetivo foi ter um serviço completo por um valor extremamente acessível e que provocasse um efeito "uau" no cliente. Esse pacote foi adequado a um preço de R$ 9,90.
A empresa vai subir o preço?
Não temos planos.
Há planos de agregar novas funcionalidades ao Prime?
Sempre.
O desempenho mais lento da economia influencia os planos?
Não mudamos decisões com base em questões macroeconômicas. O Brasil é cíclico. Se tomamos uma decisão baseada na macroeconomia, certamente estaremos tomando uma decisão de curto prazo. Quando traçamos uma linha entre os altos e baixos, geralmente essa linha é positiva. Trabalhamos com esse cenário. Outro ponto: se gastarmos tempo olhando para a concorrência, não faremos o nosso serviço direito, deixamos de pensar em coisas diferentes para o negócio. Isso faz parte da cultura da Amazon. Um exemplo é o Prime. Quando foi lançado, tinha gente da Amazon que dizia que era uma loucura. Hoje é um grande pilar de crescimento.
Qual o grande obstáculo para o avanço da Amazon no País?
Contratar mais rápido. Temos mais de 200 posições em aberto. A dificuldade é encontrar mão de obra qualificada que preencha o nosso perfil.
As vagas não preenchidas são para funções muito específicas?
Não. São para funções de marketing, vendas, comercial, fiscal, por exemplo.
Há contradição entre ter 12 milhões de desempregados e a Amazon apontar a falta de mão de obra como um problema?
Não acho. Nossa barra para contratação é muito alta. Para trabalhar na Amazon é preciso falar inglês, por exemplo, ter o perfil da empresa. O nosso princípio "número um" é a obsessão pelo cliente.
Como é a admissão?
Quem contrata na Amazon não é o departamento de RH (Recursos Humanos), mas o gestor da área com a participação, como entrevistadores, de quatro a seis colegas que são de outras áreas. Eles fazem entrevistas individuais com os candidatos, da mesma maneira que o gestor, e, ao final, elaboram um parecer justificando a contratação ou não.
Qual o peso da experiência no varejo para ser contratado?
Não contratamos necessariamente pessoas com experiência em varejo, procuramos bons profissionais, com evidências de aderência com os princípios liderança da Amazon. Aprender e ser curioso é um dos 14 princípios.
Quando a Amazon vai vender alimentos frescos no País?
Não falamos de futuro. O desafio continua sendo trazer mais fornecedores, ter mais produtos. Quero vender tudo o que todos querem comprar.
Há meta para entregar compras no País todo em dois dias?
Não abrimos essa meta, mas ela é agressiva. Quando iniciamos a venda de produtos próprios, não tínhamos um centro de distribuição. Hoje, temos quatro e um fora de São Paulo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.