Petróleo é negociado abaixo de US$ 0 pela primeira vez na história
Isso significa que fornecedores estão sendo pagos para ficar com o produto. Dessa forma, o petróleo está agora em "contango", ou seja, os contratos de petróleo para entrega futura são mais caros do que os preços à vista.
Os mercados internacionais têm operado em meio a um descompasso entre oferta e demanda de petróleo, já que os cortes de produção anunciados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), cada vez mais, parecem insuficientes para compensar a queda na demanda, decorrência direta da retração da atividade global por conta do novo coronavírus.
A negociação no campo negativo, contudo, é restrita ao contrato de maio, e, ainda que colabore para perdas em outros contratos, não se reflete em cotações abaixo de US$ 0 nos contratos mais líquidos. Segundo o DNB Markets, alguns investidores já estão negociando o contrato de julho, o que também pressiona o contrato do WTI de junho, hoje o mais líquido.
"Há um pouco de exagero no que estamos vendo hoje", afirmou ao Broadcast Ilan Solot, estrategista do Brown Brothers Harriman (BBH). "Mas isso não afasta a questão de que há uma oferta brutal da commodity", diz. "Realmente é algo inédito, mas muito específico desse vencimento", completa Marcos de Callis, estrategista da Hieron, à reportagem.
Desde o início dos negócios, operadores comentam que os estoques da commodity em Cushing, mais importante centro de armazenamento nos Estados Unidos, podem estar próximos do limite da capacidade. Na última semana, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) americano informou salto de 724 milhões de barris nos estoques em Cushing, a 54,965 milhões de barris, na semana encerrada em 10 de abril. Nos EUA como um todo, o salto foi de 19,248 milhões de barris, a 503,618 milhões de barris, no mesmo período. O DoE atualiza dados de estoques na próxima quarta-feira.
Às 15h42 (de Brasília), o contrato WTI para maio caía 236,84%, a -US$25,00 o barril, na Nymex. Já o WTI para junho, caía 16,22%, a US$ 20,91 o barril. Na mesma marcação, o Brent para junho cedia 9,08%, a US$ 25,57 o barril, na ICE.
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