Consumo de energia recua 12,7% na 1ª quinzena de maio, diz CCEE
"O consumo deste mês foi impactado pelas medidas governamentais de contenção do covid-19, intensificadas a partir do dia 21 de março", afirmou a CCEE, ao analisar o comportamento do consumo de energia no período.
Segundo a CCEE, o consumo de energia no mercado cativo (distribuidoras) recuou 13,1% no mesmo período de comparação, passando de 44,048 mil MW médios para 38,277 mil MW médios. Excluindo o efeito das migrações de consumidores para o mercado livre, a queda seria de 11,9%. Entre as regiões do País, houve retração de 14,4% na demanda do Sudeste/Centro-Oeste, de 10,9% no Nordeste, de 15,1% no Sul, e de 4,2% no Norte.
O mercado livre apresentou retração de 11,9% no período, passando de 18,886 mil MW médios para 16,641 mil MW médios. Ao expurgar o efeito da migração de novos clientes do mercado cativo, a demanda no ambiente de livre contratação recuou 15,6%. Entre as regiões, houve queda de 11,6% no consumo no Sudeste/Centro-Oeste, de 17,9% no Nordeste e de 15,3% no Sul. No Norte, a demanda cresceu 2,7%.
Ainda sobre o mercado livre, a CCEE registrou redução de 9,39% na demanda dos clientes especiais (que só compram a oferta de fontes renováveis, como eólica e solar), de 3,198 mil MW médios para 2,897 mil MW médios entre abril de 2020 e igual período de 2019. Excluídas as novas migrações, a queda seria de 23,9%.
Já o consumo dos clientes convencionais também teve forte redução de 13,2%, de 13,562 mil MW médios para 11,872 mil MW médios. Sem as novas migrações, a retração teria sido de 14,5%. Os autoprodutores, normalmente grandes indústrias eletrointensivas, tiveram recuo de 8,93% no consumo de energia, para 1,908 mil MW médios.
De acordo com a CCEE, os segmentos que registraram as maiores quedas do consumo de energia no mercado livre foram: veículos (47,8%), têxteis (45,4%), serviços (32,7%), transporte (27%) e manufaturados diversos (18,3%). Por outro lado, apenas dois setores tiveram aumento de demanda: saneamento (18,8%) e alimentícios (1,8%), movimento este influenciado pelas migrações de novos clientes.
Excluindo as novas cargas que migraram para o mercado livre ao longo dos últimos meses e comparando com o consumo de energia dos clientes existentes na primeira quinzena de maio de 2019, os dados da CCEE reforçam os impactos do coronavírus na economia brasileira. O segmento automotivo lidera o ranking da queda do consumo, da ordem de 49,3%, seguido por têxteis (47,6%), serviços (40,6%), transporte (28,6%) e manufaturados diversos (24,2%). O único segmento que apresentou crescimento, marginal, foi o de saneamento, de 0,7%.
Produção de energia
Os dados da CCEE também mostram que a produção de energia na primeira quinzena de maio de 2020 recuou 11,6% em relação mesmo período de 2019, de 66,276 mil MW médios para 58,599 mil MW médios. Com a queda do consumo, a produção de energia das hidrelétricas recuou 15,7%, passando de 51,266 mil MW médios para 43,194 mil MW médios, o que deve contribuir para a recuperação do nível dos principais reservatórios do País.
A geração térmica teve ligeiro aumento de 1,4% no período, passando de 9,117 mil MW médios para 9,243 mil MW médios. Isso se deve ao maior despacho das usinas nucleares, de 211,5%, passando de 608 MW médios para 1,895 mil MW médios. A geração a biomassa, com a safra da cana-de-açúcar, subiu 3%, para 4,120 mil MW médios. Por sua vez, a produção de energia das usinas a carvão caiu 57,8%, de 989 MW médios para 417 MW médios. A geração térmica a gás natural recuou 3,5%, somando 2,415 mil MW médios.
A geração eólica registrou ligeiro crescimento de 1,8% no mesmo período de comparação, de 5,394 mil MW médios para 5,491 mil MW médios. A produção de energia solar teve aumento de 34,4%, para 671 MW médios. Com esse resultado na geração de energia, o risco hidrológico (GSF) foi de 94,04% na primeira quinzena de maio de 2020.
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