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Opep e China se comprometem a trabalhar pela estabilização do mercado de petróleo

Refinaria de petróleo em Dongying, na província de Shandong, China - Aizhu Chen
Refinaria de petróleo em Dongying, na província de Shandong, China Imagem: Aizhu Chen

Célia Froufe, correspondente

Londres

20/05/2020 08h08

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a China se comprometeram publicamente nesta quarta-feira (20) a unir esforços para ajudar a estabilizar o mercado mundial da commodity. Os preços do petróleo já estavam em franca queda no ano passado e passaram a sofrer ainda mais com a baixa violenta e repentina da demanda pelo insumo em meio à pandemia de coronavírus.

O comunicado divulgado pela Opep em conjunto com a China é histórico, já que reúne os países do cartel, que são os maiores produtores de petróleo do mundo e o gigante asiático, que é o maior consumidor global da commodity. A nota foi divulgada nesta quarta após uma reunião virtual feita pelos dois lados. As duas partes já tinham participado de uma reunião virtual no dia 14, apontado como um momento de "discussões marcantes".

O diretor da Administração Nacional de Energia da República Popular da China, Zhang Jianhua, disse ao secretário-geral da Opep, Mohammad Sanusi Barkindo, que seu país já está no caminho da recuperação, após ser abalado pela pandemia. "O país espera recuperar em breve seus antigos padrões de consumo de energia, o que deve ajudar a apoiar a indústria de petróleo. Ele acrescentou que a China quer trabalhar em estreita colaboração com a Opep para estabilizar a indústria global de petróleo, garantir segurança energética futura para o mundo e facilitar a transição energética", citou o comunicado.

A reunião, de acordo com a Opep, tratou do impacto do surto na economia global e no mercado de petróleo, e também dos reflexos no mercado interno da commodity na China. Foram discutidos na ocasião os processos de reequilíbrio da oferta e demanda pelo produto e as soluções do país asiático para e otimização do sistema de comércio de petróleo e gás. "A reunião também alcançou um consenso sobre a importância da segurança energética e a manutenção da estabilidade nos mercados de energia, fortalecendo a colaboração entre a Opep e a China, além de apoiar e promover a importância única do multilateralismo e da globalização."

Barkindo e Zhang se encontraram pela última vez em outubro do ano passado, durante a 3ª Reunião de Alto Nível do Diálogo sobre Energia da Opep-China, realizada na sede da Opep, em Viena. Também participou da teleconferência na semana passada o representante permanente e embaixador plenipotenciário e extraordinário da missão permanente da República Popular da China junto às Nações Unidas e outras organizações internacionais, Wang Qun.

"A pandemia ofereceu a oportunidade de fortalecer ainda mais esse relacionamento e provou que as forças da globalização são irreversíveis", afirmou Barkindo na reunião de hoje, segundo a Opep, acrescentando que as "ricas lições que estamos aprendendo da pandemia tornam bastante clara que o triunfo do multilateralismo e da cooperação internacional não pode ser contestado." Ele se referiu às decisões tomadas pelos participantes da Declaração de Cooperação nas 9a e 10ª reuniões ministeriais extraordinárias da Opep e aliados (Opep+), realizadas no início de abril para ajustar a produção total de petróleo bruto em 9,7 milhões de barris por dia (bpd) em maio e junho; em 7,7 milhões de bpd de 1 de julho a 31 de dezembro; e de 5,8 milhões de bpd de 1 de janeiro de 2021 a 30 de abril de 2022.

Barkindo elogiou ainda a contenção da pandemia da covid-19 pela China, afirmando que a atuação do governo "salvou milhões de vidas e deu o exemplo ao resto do mundo", que agora busca referências no país. Ele afirmou ainda que as duas partes devem trabalhar juntas "hoje e amanhã" para aprofundar seu diálogo, acrescentando que uma forte colaboração não é apenas essencial para os interesses de ambas, mas também para a economia global.

Zhang, por sua vez, citou três elementos que ajudariam a economia global a voltar aos trilhos pós-covid-19: otimizar o sistema comercial para consolidar e expandir as transações de petróleo; melhorar a comunicação para manter o mercado de energia estável; e fortalecer a cooperação pragmática para estender a cadeia industrial, incluindo derivados de petróleo, armazenamento e transporte.

O embaixador Wang declarou que é urgentemente necessário um retorno da estabilidade aos mercados de energia e à economia mundial, com base nas regras do mercado internacional, e apelou a esforços internacionais para minimizar os impactos dos fatores politizadores a esse respeito.

A reunião, de acordo com a Opep, foi a 11ª de uma série de briefings que o cartel vem realizando com as principais partes interessadas, centradas nos impactos relacionados à covid-19 na economia global e no mercado de petróleo.