Ipea projeta queda de 36,1% na produção industrial em abril ante março
"Vamos quebrar alguns recordes negativos para alguns indicadores de atividade em abril e no segundo trimestre, por consequência", afirmou Leonardo Carvalho, economista do Ipea e um dos autores do boletim, publicado há pouco no site do instituto.
As projeções do Ipea miram as três grandes pesquisas sobre a atividade setorial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e levam em conta tanto o efeito de carregamento do desempenho do primeiro trimestre sobre abril quanto dados coincidentes - de pesquisas qualitativas a dados diários sobre transações comerciais - já informados sobre o mês passado. Na próxima sexta-feira, 29, o IBGE divulgará o PIB do primeiro trimestre, mas as pesquisas de abril sobre a indústria, o comércio varejista e o setor de serviços serão conhecidas apenas na primeira quinzena de junho.
A mais recente projeção do Ipea para o PIB aponta queda de 1,8% em 2020, no pior cenário, traçado no fim de março. Agora, segundo Carvalho, os pesquisadores do instituto revisarão a estimativa após a divulgação dos dados do primeiro trimestre pelo IBGE. O economista chamou atenção para o elevado nível de incerteza, que dificulta até mesmo a elaboração das projeções com base em modelos estatísticos.
Na produção industrial, o tombo de 36,1% em abril ante março, após a retração de 9,1% em março ante fevereiro, será puxado pela fabricação de veículos e de artigos para vestuário, conforme as projeções do Ipea. Com isso, a produção registrará queda de 44,6% ante abril de 2019.
O Ipea destacou as retrações em indicadores coincidentes como a produção total de automóveis (-95%), o fluxo de caminhões em rodovias (-19,1%) e o nível de utilização de capacidade instalada (Nuci) na indústria de transformação que, na Sondagem da Indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV), caiu 18 pontos percentuais em abril.
Diante disso, o Ipea projeta o tombo histórico de 92,9% na produção de veículos automotores em abril ante março, conforme a segmentação feita na pesquisa do IBGE. Já a produção de artigos de vestuário deverá registrar queda de 14,6% em abril ante março. A produção de celulose e papel e a fabricação de alimentos deverão se destacar, com desempenho superior ao das demais atividades.
No comércio varejista, os veículos também deverão ser o destaque negativo, com queda de 62,2% em abril ante março. Tanto que as vendas do varejo ampliado, que inclui as os segmentos de veículos e material de construção, deverão cair 34,7% na mesma base de comparação. No varejo restrito, que exclui as lojas de carros e de material de construção, a queda deverá ficar em 28,4%. Até as vendas dos supermercados, que avançaram 14,6% em março sobre fevereiro, deverão passar para uma retração de 5%.
Por fim, o Ipea projeta um mergulho de 23,7% no volume de serviços prestados em abril ante março. Assim como ocorreu em março, quando houve queda de 6,9% sobre fevereiro, o movimento será puxado pelos serviços prestados às famílias e transportes. Os serviços prestados às famílias deverão cair 44,3% ante março, já que o segmento concentra as maiores perdas com as medidas de isolamento, como as atividades de alojamento e alimentação, que incluem hotéis e restaurantes. Já os serviços de transportes deverão experimentar um tombo de 54,1% sobre março.
A Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea pretende divulgar o novo Boletim de Acompanhamento Setorial da Atividade Econômica mensalmente. A ideia é trazer projeções, para um mês a frente, para cada setor analisado. O objetivo é auxiliar a análise sobre o desempenho setorial da economia, em meio ao impacto da pandemia de covid-19.
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