Para OMC, questão ambiental vai ditar acordos
"Qualquer grande acordo mundial no futuro incluirá a questão ambiental. Na OMC, começam a falar de negociações que levem a questão ambiental em consideração", afirmou ele, durante evento virtual organizado pela Câmara de Comércio Internacional no Brasil (ICC Brasil) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Ela (a questão ambiental) não vai sumir e temos de estar preparados para lidar com ela de maneira construtiva e crível", acrescentou ele.
Nessa linha, Azevêdo - que deixa o cargo no fim do mês - afirmou que o momento político não é o "mais favorável" para a conclusão de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que ainda depende de análise dos parlamentos dos países de cada bloco.
Uma das críticas dos europeus ao acordo é justamente em relação ao Brasil e o temor de que leve ao aumento do desmatamento no País. O diretor-geral recomendou que os negociadores procurem "pensar no longo prazo", mas sem perder o senso de urgência.
Azevêdo disse ainda que a pandemia do novo coronavírus não vai representar o fim do modelo de globalização dos negócios, mas deverá trazer mudanças para o funcionamento do comércio internacional e o relacionamento entre os países.
'Nova cara'
Ele afirmou que a "nova cara" da globalização passará por uma reconfiguração das cadeias globais de valor, com as corporações tentando reduzir as dependências em relação a um só insumo, a um só fornecedor ou a uma só região.
"A pandemia expôs o risco de concentração da produção. As cadeias de produção serão ampliadas e o Brasil pode se aproveitar de oportunidade. Mas tem de ter competitividade", acrescentou.
O diretor-geral ponderou que o discurso antiglobalização continuará no futuro imediato. "Há um crescimento de frustração nas populações, sobretudo na classe média, que encontra no comércio exterior um bode expiatório para questões como o desemprego. A causa do desemprego é o avanço tecnológico, atacar a globalização não resolve o problema."
Para Azevêdo, a pandemia do coronavírus levará o comércio internacional a sofrer "inevitavelmente" um grande baque em 2020. A previsão dos economistas da entidade é de perda de 13% neste ano. "Isso é pior do que na crise de 2008/2009, pior do que isso só na Grande Depressão."
Ele acredita que o eixo Estados Unidos- China continuará ditando a política internacional nos próximos anos, mesmo após o coronavírus. E lembrou que a disputa entre as duas potências vinha causando tensões mesmo antes da pandemia.
"EUA e China se veem como rivais, sobretudo o lado norte-americano, e têm modelos políticos diferentes. Isso leva a tensões. Houve desaceleração econômica em 2019, já resultado de tensões entre EUA e China", completou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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