Simpi: 42% das pequenas indústrias de SP têm capital de giro insuficiente
Quase um terço das empresas (29%) teve algum fornecedor que faliu ou entrou em recuperação judicial desde o início da pandemia do novo coronavírus. Outros 35% das indústrias têm algum cliente empresarial que deixou de comprar também porque faliu ou entrou em recuperação judicial.
"O quadro é extremamente difícil e desafiador. O pior já passou? Eu diria que o pior do fator gerador da crise passou, mas a paralisação fez com que todo o capital de giro das empresas fosse embora. O crédito não chegou à mão do empresário. A pressão existe e é grave. As sequelas estão aí colocadas e precisam ser resolvidas daqui para frente", alertou Joseph Couri, presidente do Simpi.
Entre as micro e pequenas empresas industriais paulistas, 8% afirmam que correm risco de falir nos próximos 30 dias, enquanto 9% confirmam risco de entrar em recuperação judicial. Uma fatia de 29% delas tiveram que demitir funcionários durante a pandemia. Os dados são do 9º Boletim de Tendências das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo, com informações coletadas de 6 a 14 de agosto pela Datafolha sob encomenda do Simpi.
"Não existe uma ilha isolada na economia. Se quebra um pequeno negócio, ele vai afetar diretamente médias empresas, grandes empresas, multinacionais. E vice-versa", ressaltou Couri. "Sai muito mais barato pelo aspecto social, humano e material manter uma empresa viva do que quebrá-la e depois esperar que nasça outra para ocupar o lugar dela", completou.
Oito em cada dez micro e pequenas indústrias do estado de São Paulo - exatos 83% - não têm acesso a uma linha de crédito. Embora 40% das empresas tenham procurado crédito com garantia governamental, que é o caso do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), apenas 9% tiveram o crédito emergencial aprovado.
Ou seja, 31% das companhias industriais de menor porte buscaram crédito, mas tiveram a demanda negada. Entre os motivos mais mencionados para a recusa ao financiamento estavam a alta demanda por crédito e o esgotamento de recursos no banco. Sem acesso a linhas de crédito emergencial, 25% das micro e pequenas indústrias do estado usaram o cheque especial para o pagamento das contas. "O que falta é boa vontade dos bancos", criticou Couri.
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a indústria encolheram 11,9% no primeiro semestre de 2020, quando a economia foi golpeada pela crise provocada pela pandemia da covid-19, em relação ao mesmo período de 2019.
Em todo o País, 44,4% das empresas industriais ainda enfrentavam dificuldades de pagar suas contas na primeira quinzena de julho, apontou a Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"O que são esses pagamentos de rotina? Energia elétrica, funcionários, água, aqueles custos básicos que toda empresa tem que pagar para continuar com a sua produção de manufatura. Esse quadro não teve alteração em relação à última quinzena de junho", disse Flávio Magheli, coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE.
Magheli lembra que a produção industrial ainda não retornou ao patamar pré-pandemia, seja por problemas de demanda, por questões de logística, pelas diferentes etapas do processo de flexibilização do isolamento social País afora. "Ainda falta um longo caminho para recuperar", disse o coordenador do IBGE.
Na primeira quinzena de julho, cinco em cada dez empresas industriais adiaram o pagamento de impostos, o equivalente a 152 mil companhias nessa situação. Outras 49 mil indústrias recorreram a uma linha de crédito emergencial para o pagamento da folha de funcionários. Ainda assim, ao todo, 44,5 mil empresas industriais reduziram o quadro de empregados na primeira quinzena de julho em relação à segunda quinzena de junho.
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