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Em agosto, preço do botijão de gás foi recorde e chegou a R$ 69,98

Botijão de gás de 13 kg chegou a R$ 69, 98 em agosto, recorde no ano - Victor Moriyama/Folhapress
Botijão de gás de 13 kg chegou a R$ 69, 98 em agosto, recorde no ano Imagem: Victor Moriyama/Folhapress

Fernanda Nunes

Rio

07/11/2020 06h34

O preço médio do botijão de gás liquefeito de petróleo (GLP) de 13 kg, usado principalmente em residências, atingiu em agosto o maior patamar já registrado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) - de R$ 69,98. O dado do mês é o último divulgado pelo órgão regulador.

O ano, na verdade, já começou com alta - de 1%, no período de dezembro a março. Mas logo veio a pandemia, e os valores começaram a cair, atingindo o menor nível em maio, de R$ 69,54. A partir daí, diante de uma leve recuperação da economia, os preços retomaram a trajetória ascendente até atingirem nível recorde em agosto.

De todos os derivados de petróleo usualmente consumidos pela população, o GLP foi o menos afetado pela crise. Em março, no início da pandemia, quando ainda não se sabia exatamente como o comércio funcionaria na quarentena, houve uma corrida pelo estoque de botijões, o que permitiu até uma elevação do preço final no mês. Mas passados os temores de desabastecimento, a demanda se estabilizou e os agentes de mercado começaram a sentir de fato os efeitos da crise.

O que as estatísticas da ANP demonstram é que a Petrobras, produtora do GLP em suas refinarias, perdeu dinheiro nos dois primeiros meses de crise - em abril e maio. Mas já no mês seguinte, voltou a reajustar sua tabela e, ao fim de oito meses, o seu preço sem impostos equivalia ao de fevereiro, no pré-pandemia.

As distribuidoras, que fazem o meio do caminho entre a estatal e o comércio varejista, recuperaram margem bruta em abril. Mas desde então, seus ganhos estão sendo comprimidos e, em agosto, atingiram o pior patamar do ano, equivalente ao de outubro de 2017.

"O momento é de olhar para frente com confiança na recuperação da economia. As empresas têm consciência do papel do GLP na sociedade brasileira", afirmou Sérgio Bandeira de Mello, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás).

Já a revenda reduziu levemente sua margem bruta a partir de junho, justamente no momento em que a Petrobras voltava a elevar os preços na refinaria. Ainda assim, chegou a agosto com ganho superior ao do início do ano.

A Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, diz que o preço médio do GLP que sai das suas refinarias equivale a R$ 32,27 por botijão de 13kg. No acumulado do ano, ela elevou o preço do derivado em 16,1%, o equivalente a R$ 4,47 por botijão. "Importante esclarecer que, desde novembro de 2019, a Petrobras igualou os preços de GLP para os segmentos residencial e industrial/comercial, e que o GLP é vendido pela Petrobras a granel. As distribuidoras são as responsáveis pelo envase em diferentes tipos de botijão e, com as revendas, são responsáveis pelos preços ao consumidor final."

'Choque de energia' ainda não aconteceu, dizem indústrias

O "choque de energia" prometido pelo governo federal ainda não aconteceu, na visão de grandes indústrias consumidoras. Elas projetam já para este fim de ano uma retomada dos preços do gás natural, que, nos planos do ministro da Economia, Paulo Guedes, deveria ser a âncora do programa de barateamento da energia e dos custos de produção industrial.

Num período mais crítico da pandemia de covid-19, até agosto, a tarifa do gás chegou a cair. Mas agora, passado o pior momento, deve ser reajustada em até 31% em 15 mercados consumidores. "Tem de ter competição. Enquanto a Petrobras definir o preço, não tem choque nenhum, porque não tem concorrência", disse o gerente da Abrace (associação que representa o setor), especialista no tema, Adrianno Lorenzon.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.