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Vacinação em massa é 'decisiva', afirma Guedes

Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro

BRASÍLIA

26/01/2021 13h00

Na sua primeira manifestação pública desde o início do ano, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu ontem a vacinação em massa da população contra a covid-19, o que, segundo ele, vai garantir o retorno seguro ao trabalho. Ele elogiou o trabalho feito pelo governo até aqui e, sem citar nomes, ainda atacou quem "sobe em cadáveres para fazer política".

Nas últimas semanas, o governo federal tem sido alvo de críticas pela condução do programa contra a doença, puxadas principalmente pelo governador de São Paulo, João Doria. Também aumentou a pressão pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Atualmente, há 56 pedidos de destituição de Bolsonaro pendentes de análise na Câmara. Dois deles foram apresentados neste mês e ao menos mais um deve ser protocolado hoje por partidos de oposição.

"A vacinação em massa é decisiva e um fator crítico de sucesso para o bom desempenho da economia logo à frente", disse o ministro, durante a apresentação dos resultados da arrecadação federal em 2020. "Um recado que eu deixaria é: primeiro a vacinação em massa. Estamos no País de Oswaldo Cruz (cientista, médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista brasileiro pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil). Parabéns à Fiocruz, parabéns ao Butantan, parabéns à Anvisa, às Forças Armadas que ajudam na logística da distribuição. E parabéns com louvor aos profissionais de saúde que estão à frente nessa guerra contra a pandemia."

Guedes elevou o tom contra os críticos do governo, sem citar nominalmente o governador de São Paulo. "Tem muita gente subindo em cadáveres para fazer política e isso não é bom. A população e os eleitores vão saber diferenciar isso lá na frente. Digo isso para quem estiver assumindo. Estamos em uma situação extraordinariamente difícil e sempre houve essa perspectiva de que a saúde e a economia andam juntas", completou.

Doria lançou campanha de vacinação no último dia 17 com a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac, enquanto o governo brasileiro ainda trabalhava para importar doses da vacina produzida por Oxford/AstraZeneca.

"A logística de distribuição começou. Acredito e aposto em todos que colaboram com a vacinação. Espero que todos auxiliem esse processo. Temos logística e capacidade para isso. Estamos comprando todas as vacinas e é possível que o Brasil surpreenda de novo favoravelmente se conseguirmos derrubar a taxa de mortalidade", disse Guedes. O ministro lembrou que, da população do País, entre 10% e 15% são idosos e mais vulneráveis à covid-19. "O Brasil está tentando comprar realmente todas as vacinas. A crítica de que teríamos ficado com uma vacina só simplesmente não cabe. Estamos tentando adquirir todas, sou testemunha do esforço logístico que está sendo feito", acrescentou.

'Limpar a pauta'

O ministro também cobrou que as pautas de votação no Congresso sejam destravadas. "Uma série de medidas que foram aprovadas pelo Senado estão paradas na Câmara dos Deputados. E uma série de medidas que foram aprovadas na Câmara estão paradas no Senado. Então, é preciso limpar a pauta logo na volta do Congresso, destravando o horizonte de investimentos. Isso é crítico e está na nossa frente."

Mais uma vez, Guedes prometeu que o governo não vai aumentar impostos - embora, como o Estadão noticiou, o próprio ministro aguarda o resultado da eleição para o comando no Congresso para tentar reapresentar proposta de criação de tributo nos moldes da antiga CPMF. "Houve uma tentativa de aumento de impostos em São Paulo. Nós não aprovamos. Uma das razões para atrasarmos a reforma tributária é não concordarmos com aumento de impostos. Queremos simplificar e reduzir impostos e essa pauta foi travada. Esperamos retomar essa agenda porque o Congresso é reformista." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.