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É natural que se questione 'otimismo' do BC sobre crescimento, diz Campos Neto

Eduardo Rodrigues e Célia Froufe

Brasília

25/03/2021 13h18

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, considerou nesta quinta-feira ser natural que haja questionamentos sobre o "otimismo" da autoridade monetária para o crescimento da economia em 2020. "Mencionamos que nosso primeiro semestre é levemente mais negativo, mas temos um número mais positivo para o segundo semestre de 2021. Os números do fim de 2020, de janeiro e de fevereiro mostram uma força maior que o esperado, mesmo levando em consideração a redução do auxílio emergencial", respondeu.

Em meio às incertezas sobre os impactos da segunda onda da pandemia de covid-19 sobre a economia brasileira, o Banco Central diminuiu nesta quinta sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2021. A expectativa para a economia este ano passou de alta de 3,8% para avanço de 3,6%. A nova estimativa consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado pela manhã.

"Não é que nós estejamos super otimistas. Estamos um pouco mais pessimistas em relação ao primeiro semestre. Nosso cenário contempla a pandemia, mas também a aceleração da vacinação. Imaginamos que a curva de vacinação terá um efeito no Brasil igual ao de outros países que estão mais avançados na imunização", completou Campos Neto.

Pandemia e regras fiscais

O presidente do Banco Central avaliou ainda que as novas medidas para o enfrentamento pandemia de covid-19 não vieram acompanhadas de um desrespeito às regras fiscais.

"Houve uma segunda onda (de contaminações) e o governo precisou reagir. Era importante fazer novo gasto e ele veio acompanhado de contraparte. Entendemos que a PEC emergencial tem componentes de ganhos institucionais", respondeu Campos Neto.

Vacinação

O presidente do Banco Central respondeu também que a autoridade monetária não comenta sobre cronogramas de vacinação contra a covid-19, e lembrou que a insatisfação em relação ao ritmo de vacinação também ocorreu em vários outros países.

"Pegamos o cronograma de contratação e aplicação de doses, e imaginamos que a população vacinada terá uma redução de internamentos e óbitos proporcional ao que vemos em outros lugares. E que isso vai possibilitar a reabertura da economia. Não trabalhamos com cenário alternativos de vacinação, porque não temos dados para isso", completou Campos Neto.