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Contaminação de núcleos de inflação exigiu alta da Selic, diz presidente do BC

Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro

Brasília

06/04/2021 11h22

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a classificar os choques inflacionários no Brasil como temporários, mas reafirmou que a autoridade monetária já enxerga a contaminação de outros núcleos inflacionários e, por isso, iniciou o atual ciclo de alta nos juros. "Entre uma reunião e outra do Copom (Comitê de Política Monetária), a projeção para a inflação de 2021 saltou de 3,4% para 5,0%. A maior parte dessa diferença foi causada pelo efeito das commodities. Começamos a ver alguma contaminação em outros núcleos e começamos o que chamamos de processo de normalização parcial, o que é sempre difícil de explicar enquanto o País ainda sofre os efeitos da pandemia", afirmou, em participação no Encontro de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) com o Banco Mundial, gravada no dia 1º de abril.

Campos Neto voltou a alegar que, quando o Copom baixou a Selic para 2,0% ao ano - em agosto do ano passado - o BC esperava um cenário que não chegou a se realizar, de uma retração maior da economia e uma inflação abaixo do piso da meta para 2020. "Isso nunca se realizou", completou.

O presidente do BC repetiu a avaliação de que o Brasil continua demandando uma política monetária estimulativa, e por isso o Copom tem chamado o novo ciclo de "normalização parcial".

Mais uma vez, ele apontou que o emprego formal está se recuperando muito rápido, mas ressaltou ainda enxergar problemas na força de trabalho informal.

Programas de crédito de empresa

O presidente do Banco Central citou nesta terça dificuldades de programas de crédito para empresas com garantia de emprego, como o Programa Emergencial de Suporte a Empregos (Pese), lançado em abril do ano passado. A estimativa do governo era de que a linha de crédito beneficiasse até 12,2 milhões de empregados em 1,4 milhão de firmas, mas o programa não decolou.

"Muitas empresas são muito céticas em garantir o emprego porque não estavam vendo como seria o futuro. Esse programa teve uma adesão baixa porque da forma como foi desenhado as companhias tiveram medo de manter a promessa de manter o emprego", afirmou Campos Neto.

Sobre os demais programas de crédito lançados durante a pandemia, Campos Neto citou dificuldades para saber se dinheiro está chegando às pequenas empresas.

O Ministério da Economia já anunciou que deve reabrir o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) nas próximas semanas.