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Bolsonaro diz que estuda zerar imposto federal do diesel a partir de 2022

O chefe do Executivo voltou a responsabilizar governos estaduais pelo elevado valor dos combustíveis - Isac Nóbrega/PR
O chefe do Executivo voltou a responsabilizar governos estaduais pelo elevado valor dos combustíveis Imagem: Isac Nóbrega/PR

Gustavo Côrtes e Matheus de Sousa

Em São Paulo e Brasília

06/08/2021 12h05

Em recado aos caminhoneiros, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), reafirmou que estuda a possibilidade de reduzir a zero o imposto federal sobre o óleo diesel a partir de 2022. Em uma semana marcada por atritos entre o chefe do Executivo e integrantes do Judiciário em torno do voto impresso, Bolsonaro deixou a pauta política de lado no período da manhã em conversa com apoiadores e decidiu focar apenas na questão do combustível, outro tema recorrente nas falas do presidente.

"Sabemos que o combustível está em um preço, no meu entender, caro. Temos que buscar maneiras de reduzir o máximo possível. Eu não gosto de falar em promessas, mas eu gostaria de zerar o imposto federal do diesel a partir do ano que vem. Não posso garantir que será feito, digo, não é uma promessa, é um estudo", disse a representantes da categoria presentes na saída do Palácio da Alvorada, onde tradicionalmente conversa com apoiadores.

As declarações foram divulgadas em vídeo publicado por site bolsonarista hoje. Parte da fala do presidente sobre o tema foi gravada hoje e outra parte refere-se a conversa com seus apoiadores na quarta-feira (4) quando Bolsonaro disse que a equipe econômica encontrou um meio de substituir a arrecadação perdida com eventual retirada dos tributos sobre o diesel. "Tem que ter uma fonte alternativa para compensar. Acho que ontem apareceu uma luz para a gente zerar a partir de janeiro do ano que vem. Não vou garantir", declarou o presidente no trecho da gravação do dia 4.

"Nós reconhecemos o trabalho dos caminhoneiros, não só durante a pandemia, bem como em outros momentos. Vocês são essenciais para transportar nossas riquezas pelos quatro cantos do Brasil", elogiou.

O chefe do Executivo voltou a responsabilizar governos estaduais pelo elevado valor dos combustíveis, cujo aumento, segundo ele, se deve à cobrança do ICMS aos preços dos fretes e às margens de lucro dos postos. "Reconhecemos a dificuldade financeira dos Estados, mas, acima do Estado, da União, está o povo que nos mantém", argumentou. "Quando a gente reduz (o preço do combustível) na refinaria, na bomba não diminui", completou.

Os homens que se apresentaram como caminhoneiros na saída do Alvorada endossaram a tese do presidente e o eximiram de responsabilidade pelo alto preço do diesel. Bolsonaro aproveitou para estender a crítica aos governadores pela elevação do custo do gás de cozinha com base nas mesmas justificativas dadas para a subida no valor dos combustíveis.

"O gás de cozinha, nós resolvemos na parte federal. No início do ano, nós zeramos todo e qualquer imposto para gás e cozinha. Hoje na refinaria, lá na ponta da linha, no inicio, tá na ordem de R$ 45 reais, e alguns locais chega a R$ 110, é um absurdo. Então, digo a vocês, R$ 45, o que soma, agrega, preço no gás muito até o final da linha? É o frete, é o quanto na ponta da linha, ali, o vendedor cobra, e o imposto estadual, o ICMS", justificou.

Desde a greve realizada pela categoria em maio de 2018 contra o aumento do preço dos combustíveis, há ameaças constantes de nova paralisação, devido, entre outros fatores, à política da Petrobras de reajustar os valores dos combustíveis de acordo com a flutuação da commodity no mercado internacional. Para agradar os caminhoneiros, um dos setores da base eleitoral de Bolsonaro, o assunto já motivou a demissão de Roberto Castello Branco da presidência da estatal.