Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

76,3%: Brasil fecha 2021 com recorde de famílias endividadas, diz pesquisa

CNC disse que recorde mostra que famílias "recorreram mais ao crédito para sustentar o consumo" - Mykyta Dolmatov/Getty Images/iStockphoto
CNC disse que recorde mostra que famílias 'recorreram mais ao crédito para sustentar o consumo' Imagem: Mykyta Dolmatov/Getty Images/iStockphoto

Daniela Amorim

No Rio de Janeiro

18/01/2022 13h01

A proporção de brasileiros endividados encerrou o ano de 2021 em patamar recorde, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Em dezembro, 76,3% possuíam dívidas, maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2010, de acordo com os dados da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) divulgada hoje.

Na média do ano, 70,9% das famílias estavam endividadas, um aumento de 4,4 pontos porcentuais em relação aos 66,5% registrados na média de 2020.

"A taxa de incremento de famílias com dívidas também foi a maior já observada, revelando que as famílias recorreram mais ao crédito para sustentar o consumo", apontou a CNC, em nota à imprensa.

A pesquisa da CNC considera como dívidas as contas a pagar em cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro e financiamento de casa, entre outras modalidades.

Embora o endividamento tenha aumentado, houve pequena redução na inadimplência em 2021. O porcentual de famílias com contas ou dívidas em atraso diminuiu 0,3 ponto porcentual, de uma média de 25,5% em 2020 para 25,2% no ano passado.

No mês de dezembro, porém, o total de inadimplentes foi mais elevado: 26,2%.

"Após iniciar 2021 em patamar superior ao observado no fim de 2020, o indicador reduziu-se até maio, mas passou a apresentar tendência de alta desde então, encerrando o ano em 26,2% das famílias, acima da média anual", ponderou a CNC no estado.

"Apesar de a proporção de famílias com contas/dívidas atrasadas ter acirrado no último trimestre do ano, vale notar que o máximo já observado no percentual do indicador ocorreu em agosto de 2020, quando alcançou 26,7%", afirmou.

A proporção de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes, diminuiu de 11,0% na média de 2020 para 10,5% em 2021.

No mês de dezembro, essa fatia de consumidores que permaneceriam inadimplentes era de 10%.

Os números indicam que, ainda que em condições financeiras mais difíceis, os consumidores conseguiram quitar seus compromissos financeiros, mas a tendência é de alta na inadimplência neste início de 2022, avaliou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC.

"Os consumidores seguirão enfrentando os mesmos desafios financeiros da segunda metade de 2021, principalmente inflação, juros elevados e mercado de trabalho formal ainda frágil. Soma-se a isso o vencimento de despesas típicas do primeiro trimestre, que deverá apertar ainda mais os orçamentos domésticos neste período", justificou Izis Ferreira, em nota.

O cartão de crédito se manteve como o tipo de dívida mais citado pelas famílias brasileiras em 2021, mencionado por 82,6% dos endividados na média do ano. As demais dívidas mais citadas foram carnê (18,1%) e financiamento de carro (11,6%).