IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Sindicato entra com ação contra empresa que opera refinaria privatizada por gasolina mais cara do Brasil

Com apenas três meses de atuação da refinaria operada pela Acelen, a Bahia tem hoje a gasolina mais cara do Brasil, em comparação com as refinarias da Petrobras - iStock
Com apenas três meses de atuação da refinaria operada pela Acelen, a Bahia tem hoje a gasolina mais cara do Brasil, em comparação com as refinarias da Petrobras Imagem: iStock

Denise Luna

Rio

14/03/2022 12h38

O Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA) entrou com ação civil pública na Justiça Federal da Bahia, pedindo a imediata paralisação dos trâmites finais do processo de privatização da antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam), atual Refinaria de Mataripe, "por práticas nocivas à economia local".

A ação destaca que com apenas três meses de atuação da Refinaria Mataripe, operada pela Acelen, do fundo árabe Mubadala, a Bahia tem hoje a gasolina mais cara do Brasil, em comparação com as refinarias da Petrobras, em função de reajustes praticados "pelo criado monopólio regional".

A gasolina na Refinaria de Mataripe custa 6,4% a mais do que a vendida pela estatal; o óleo diesel S-10, mais 2,66%.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a gasolina mais cara foi encontrada na Bahia, em Eunápolis, de R$ 8,770 o litro.

"A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Sindipetro Bahia alertam e sempre alertaram para o equívoco da privatização das refinarias da Petrobras, que leva à nefasta criação de monopólios regionais, em detrimento do consumidor brasileiro, sujeito a reajustes abusivos de preços dos combustíveis. A tese, infelizmente, está sendo confirmada na prática, afetando profundamente a economia baiana", destacou em nota o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

A ação pede liminarmente que seja feita audiência pública na Bahia para se debater o impacto da privatização da Rlam para a economia local; que a privatização seja paralisada até a apresentação de estudo circunstanciado sobre os impactos desta privatização para a economia baiana; e que sejam apresentadas políticas públicas para dirimir os impactos negativos já ocorridos neste processo de privatização.

A Advocacia Garcez, representando o Sindipetro-BA, já havia ingressado com ação civil pública durante o processo de privatização, mostrando como a venda da refinaria causaria um monopólio regional e afetaria profundamente a economia baiana.

Bacelar criticou ainda as explicações da Acelen e da Petrobras para os aumentos de preços de combustíveis, que seriam motivados pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. "Mas a culpa não é da guerra, é da política de preços atrelada ao dólar e aos abusos do monopólio" disse Bacelar. "A alta dramática não ocorreria caso a política de preços fosse nacionalizada e refletisse em grande parte os custos internos de produção", complementou.