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Indústria gera 35 mil empregos em 2020, mas fecha 1 mi de vagas em 10 anos

Marcado pela prevalência dos empregos formais, o setor industrial lançou mão das medidas emergenciais lançadas pelo governo federal no primeiro ano de pandemia - Divulgação
Marcado pela prevalência dos empregos formais, o setor industrial lançou mão das medidas emergenciais lançadas pelo governo federal no primeiro ano de pandemia Imagem: Divulgação

Vinicius Neder

Rio

21/07/2022 12h16Atualizada em 21/07/2022 14h38

O emprego industrial passou ileso, ao menos no agregado do setor, pelo primeiro ano de crise causada pela covid-19, em 2020. Mesmo com a pandemia, as indústrias extrativa e da transformação registraram, em 2020, um ligeiro aumento de 0,5% no total de trabalhadores empregados ante 2019, o equivalente à geração de 35.241 postos, mostram dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) - Empresa 2020, divulgada nesta quinta-feira (21) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar disso, no longo prazo, o setor industrial registrou o fechamento de 1 milhão de empregos em uma década.

Marcado pela prevalência dos empregos formais, o setor industrial lançou mão das medidas emergenciais lançadas pelo governo federal no primeiro ano de pandemia. Segundo o IBGE, o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), que permitiu às empresas reduzirem os gastos com remuneração dos trabalhadores, em parte custeada pelo governo federal, contemplou 20,1 milhões de contratos. Desse total, 4,1 milhões, ou 20,5%, foram com empregados da indústria.

Com o ligeiro crescimento em 2020, as indústrias brasileiras empregavam, naquele ano, 7,652 milhões de trabalhadores. Apesar da resiliência aos problemas causados pela covid-19, os dados estruturais do IBGE reforçam o quadro de crise de longo prazo no setor industrial. Entre 2011 e 2020, a indústria reduziu o total de empregados em cerca de 1 milhão de trabalhadores.

Segundo o relatório divulgado pelo IBGE, nesse período, foram mais atingidos os "setores que provavelmente enfrentam de forma mais intensa mudanças estruturais relacionadas, por exemplo, à evolução da tecnologia, à forte concorrência com o setor externo e à dependência do consumo interno".

"Entre 2011 e 2020, mais da metade da perda esteve concentrada nos setores de Confecção de artigos do vestuário e acessórios (258,4 mil), de Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (138,1 mil) e de Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (134,2 mil)", diz o documento do IBGE.

Valor da transformação industrial

O País gerou R$ 1,542 trilhão em valor da transformação industrial em 2020, resultado que reflete um valor da produção de R$ 3,616 trilhões (vendas e variação de estoque) deduzido de custos de R$ 2,074 trilhões das operações. Os dados são da Pesquisa Industrial Anual Empresa 2020, divulgados pelo IBGE.

A indústria de transformação foi responsável por 92,9% do faturamento gerado pelo segmento industrial em 2020. O País tinha 303,6 mil empresas industriais ativas, com pelo menos uma pessoa ocupada, que empregavam um contingente de 7,7 milhões de pessoas e pagaram R$ 308,4 bilhões em remunerações, mostra a PIA.

A pesquisa revela ainda que a indústria registrou faturamento bruto total de R$ 4,8 trilhões em 2020, sendo R$ 4,3 trilhões relativos à receita bruta da venda de produtos e serviços industriais. A receita líquida de vendas, por sua vez, foi de R$ 3,970 trilhões em 2020.