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Gasolina já poderia subir até R$ 0,50 por litro, dizem especialistas

Na avaliação da Abicom, o aumento deveria ser de R$ 0,35 por litro nas refinarias para atingir a paridade. - iStock/Getty Images
Na avaliação da Abicom, o aumento deveria ser de R$ 0,35 por litro nas refinarias para atingir a paridade. Imagem: iStock/Getty Images

Denise Luna

No Rio

06/03/2023 14h19Atualizada em 06/03/2023 14h39

Menos de uma semana depois da queda de 3,9% anunciada pela Petrobras para o preço da gasolina nas suas refinarias, em um momento que havia uma defasagem positiva de 6% em relação ao mercado internacional - ou seja, o preço no mercado interno estava mais alto que lá fora -, o cenário mudou.

Hoje, o preço praticado no Brasil está inferior ao praticado no Golfo do México. A defasagem negativa é de 10%, segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).

Para o Cbie (Centro Brasileiro de Infraestrutura), a defasagem da gasolina já ultrapassa os 13%, o que poderia levar a um aumento de R$ 0,50 por litro. Na avaliação da Abicom, o aumento deveria ser de R$ 0,35 por litro nas refinarias para atingir a paridade.

O motivo para o recuo do preço da gasolina, e em menor proporção, do diesel - cuja defasagem negativa está em torno dos 3% - são as perspectivas de um consumo menor de petróleo nos Estados Unidos, após a consultoria Baker Hughes divulgar dados da atividade de plataformas de petróleo nos EUA, informou o Cbie.

Segundo a Baker Hughes, o nível de atividade das unidades norte-americanas é o mais baixo em cerca de seis meses, apontando para uma possível redução da oferta de óleo no país no curto prazo. Contribuindo para a retração do preço do petróleo, a China estabeleceu uma meta de crescimento para este ano, de cerca de 5%, considerada "modesta" por especialistas.

Em entrevista recente, o novo presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates, afirmou que, após formar sua equipe - o que vai ocorrer em uma assembleia de acionistas marcada para 27 de abril -, vai alterar a política de preços da estatal. Até lá, porém, a Petrobras seguirá a política de paridade de importação (PPI) implantada em 2016 pelo governo de Michel Temer.

Em maio, o PPI será reavaliado e os preços da estatal não devem mais perseguir a paridade com os preços internacionais, mas continuarão baseados nas cotações praticadas no mercado externo e terão diferenciações regionais.

Na Acelen, que controla a Refinaria de Mataripe (ex-Rlam), unidade privatizada na Bahia, responsável por 14% do mercado de combustíveis no Brasil, a defasagem da gasolina está negativa em 6%, segundo a Abicom, e do diesel em -4%.