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Lula acena com parcerias entre Mercosul e China, cortejada pelo Uruguai

O presidente Lula em viagem a Montevidéu, no Uruguai, em janeiro de 2023 - REUTERS/Mariana Greif
O presidente Lula em viagem a Montevidéu, no Uruguai, em janeiro de 2023 Imagem: REUTERS/Mariana Greif

Eduardo Gayer, enviado especial

Puerto Iguazú

04/07/2023 12h30Atualizada em 04/07/2023 13h22

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu à ofensiva da China para fechar um tratado de livre comércio com o Uruguai de forma unilateral, o que poderia prejudicar o Mercosul. Em discurso na cúpula do bloco sul-americano, que acontece nesta terça-feira em Puerto Iguazú, o petista acenou com parcerias em conjunto do Mercosul com o país asiático.

"Vamos revisar e avançar nos acordos em negociação com Canadá, Coreia do Sul e Cingapura. Vamos explorar novas frentes de negociação com parceiros como a China, a Indonésia, o Vietnã e com países da América Central e Caribe", prometeu Lula, que assume hoje a presidência pro tempore do Mercosul.

Lula saiu em defesa de políticas que "contemplem uma integração regional profunda", baseada em "trabalho qualificado" e "produção de ciência, tecnologia e inovação". "Isso requer mais integração, a articulação de processos produtivos e na interconexão energética, viária e de comunicações", declarou o presidente do Brasil. "A proliferação de barreiras unilaterais ao comércio perpetua desigualdades e prejudicam os países em desenvolvimento."

No discurso, o petista disse ser preciso combater "o ressurgimento do protecionismo no mundo", com o resgate do protagonismo do Mercosul na Organização Mundial do Comércio (OMC). Lula defende uma reforma da OMC e da governança global como um todo.

Bolívia

O presidente Lula afirmou que vai trabalhar pessoalmente junto ao Congresso brasileiro para aprovar a entrada plena da Bolívia no Mercosul. O país sul-americano aguarda aval dos parlamentares para entrar no bloco.

"A nossa integração vai bem além do que um projeto estritamente comercial. O Mercosul não pode estar limitado à barganha do 'quanto eu te vendo e quanto você vende pra mim'", argumentou o presidente na cúpula do bloco sul-americano.

Lula defendeu a recuperação de "uma agenda cidadã e inclusiva" que gere benefícios tangíveis para todos os países. "Nossa integração deve ser solidária e despertar o sentimento de pertencimento", disse o presidente.

No discurso, Lula defendeu que só a unidade do Mercosul e da América Latina vai permitir a retomada do crescimento sólido, em uma opção regional de "cooperação e solidariedade".

"Frente à crise climática, é preciso atuar coordenadamente na proteção de nossos biomas e na transição ecológica justa. Diante das guerras que trazem destruição, sofrimento e empobrecimento, cumpre falar da paz", declarou Lula, em referência à sua posição na guerra da Ucrânia embora sem citar diretamente o conflito com a Rússia.