Petrobras: Emissão foi teste bem sucedido para nova gestão, diz Caetano Leite
Sem necessidade de caixa e nenhum grande vencimento no radar, a emissão serviu como um teste para a nova gestão, explicou o executivo. Pela primeira vez, a empresa utilizou o conceito ESG para escolher os bancos envolvidos na operação. Participaram BTG Pactual, Citigroup Global Markets Inc., Goldman Sachs & Co. LLC, Itau BBA USA Securities, Inc., MUFG Securities Americas Inc, Santander US Capital Markets LLC, Scotia Capital (USA) Inc. e UBS Securities LLC.
"A gente quis testar qual a receptividade do mercado a uma dívida da Petrobras. Queríamos entender, materializar, ver como o mercado estava encarando o primeiro período da nova gestão", explicou. O diretor lembrou as mudanças ocorridas ao longo dos primeiros meses do ano, como a nova estratégia comercial, nova diretoria, e a expectativa com a nova política de dividendos, que será apresentada aos acionistas este mês.
"O pessoal já percebeu que não vai ter mudanças abruptas e ninguém vai fazer nada fora do script ou de forma turbulenta", acrescentou.
Os recursos captados serão utilizados para reduzir e alongar a dívida da estatal, que no final do primeiro trimestre era de US$ 53,3 bilhões, perto do nível mais baixo do nível de segurança da dívida da companhia - de US$ 50 bilhões a US$ 65 bilhões - e o menor valor desde 2010. A taxa obtida ficou em 6,625% ao ano, de uma partida de 7,25%. Na primeira rodada da emissão, explicou Leite, participaram 386 investidores e houve uma demanda para US$ 6,3 bilhões em bonds. Mesmo com a taxa menor, 327 investidores mantiveram interesse e a demanda fechou em US$ 4,7 bilhões. Ao todo, 69% dos investidores foram fundos e bancos privados.
"Foi uma das maiores compressões de taxa (diferença da taxa de saída em relação ao fechamento) da América Latina", informou.
Leite explicou que o afastamento da Petrobras do mercado de dívida nos últimos dois anos se deveu à alta volatilidade do mercado, motivada por incertezas políticas globais, e não apenas do Brasil. "As taxas estavam muito voláteis, estressadas, e a Petrobras está com liquidez, tem recursos, então não tinha pressa", afirmou. "A volta ao mercado foi bastante pensada e um marco importante para a companhia", afirmou.
A surpresa, segundo o diretor, foi a elevada participação de investidores norte-americanos, que ficaram com metade da operação. Outros 33,4% ficaram com investidores do Oriente Médio e Ásia, e o restante na Europa e resto do mundo. "Foi curioso porque poderia ter demanda maior na Europa. O que surpreendeu foi a demanda grande nos Estados Unidos", disse Leite.
Para ele, a boa receptividade no mercado norte-americano reflete em parte um 'road show" feito há três semanas pela diretoria da estatal nos Estados Unidos, que não teve por objetivo a operação, mas apresentar a nova gestão. Além disso, no dia 15 de junho, a empresa de rating Standard & Poor's elevou a nota da Petrobras de "neutra" para "positiva", o que também contribuiu para o sucesso da colocação.
"Olhamos o mercado estável, o viés positivo do rating da S&P, o 'road show' com acionistas, sobretudo na América do Norte, e a recepção foi muito boa. Ao longo do ano fomos tirando incertezas de cima da empresa, a estratégia comercial foi anunciada, investimentos, diretoria assumindo, o mercado foi entendendo a linha de trabalho que a gente tinha e a gente notou nessa viagem que haveria apetite", explicou o diretor.
Ele destacou ainda, que houve um viés qualitativo na emissão na comparação dos os títulos do Tesouro norte-americano, considerado uma dos mais livres de risco do mundo. O spread (diferença) entre a emissão da Petrobras o título do Tesouro norte-americano ficou em 2,9%.
"Isso quer dizer que está muito próximo de um ativo livre de risco. Traduz o que curiosamente a gente tem sentido não só em relação à Petrobras, mas em relação ao Brasil de forma geral, é uma coisa que ainda não está sendo palpável no mercado nacional, mas lá fora estão apostando que o Brasil vai ter um grande ano", afirmou, informando que não há planos no momento para novas captações, devido à liquidez da companhia, mas não descarta aproveitar novas oportunidades ao longo do ano para reduzir mais a dívida.
"Não tenho meta estabelecida. Provavelmente vai diminuir esse ano (a dívida), e esse pode ser um objetivo de voltar ao mercado, está em analise ainda, e é isso que pode levar a gente ao mercado", concluiu.
Depois de ter registrado o título de petroleira mais endividada do mundo no passado, por conta de investimentos no pré-sal, preços de derivados congelados e projetos superfaturados que não foram adiante e agora serão retomados - como o 2º trem da Refinaria Abreu e Lima e o Comperj -, a Petrobras nos últimos seis anos cortou o seu endividamento pela metade.
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