Dólar sobe junto com Treasuries antes de Powell e por cautela com China e fiscal

O dólar voltou a subir pela quinta sessão consecutiva no mercado local, refletindo a valorização dos rendimentos dos Treasuries e da divisa americana frente outros pares do real ligados a commodities em meio à espera de discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no começo da tarde. O recuo de commodities em meio a indicadores divergentes na China, incertezas sobre os desdobramentos do conflito Israel-Irã e as preocupações fiscais locais pesam também, segundo operadores. No mercado de juros, a curva avança junto com dólar e rendimento de Treasuries, enquanto o Ibovespa futuro recua.

O American Depositary Receipt (ADR) da Vale registra queda de 1,25% no pré-mercado de Nova York, pressionado pelo recuo de 1,49% do minério de ferro em Dalian e com o mercado ajustando expectativas para o relatório de produção e vendas da mineradora, que deve ser conhecido após o fechamento.

Para a Genial Investimentos, a Vale deve registrar um "fraco desempenho" no primeiro trimestre de 2024, relacionado à curva de preços do minério de ferro.

Já o ADR da Petrobras opera com queda menos expressiva (-0,25%), na esteira da baixa de 0,52% (Brent) e de 0,55% (WTI) dos contratos futuros de petróleo mais cedo.

Nesta manhã, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, garantiu que o Brasil vai buscar o déficit zero no ano que vem, apesar da banda inferior da meta de resultado primário garantir a possibilidade de um déficit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) nas contas públicas em 2025. "Queremos garantir que o Brasil nunca mais gaste além do que arrecada", reforçou a ministra.

Na avaliação de Tebet, o primeiro ano da administração do governo federal teve como foco o aumento de receita, em vista da necessidade de retomada de alguns programas sociais que,segundo ela, foram descontinuados pela antiga administração.

No mercado, os economistas reagiram mal à alteração das metas fiscais dos próximos anos, sacramentada ontem no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025. Embora os números sejam considerados mais críveis, os especialistas ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) avaliam que passa um recado ruim, de uma política mais expansionista de gastos e alguns agentes já consideram a chance de uma nova rodada de alta da Selic ano que vem.

No boletim Focus, divulgados mais cedo, destaque à revisão para baixo na projeção do IPCA de 2024, passando de 3,76% para 3,71%. Já a projeção para 2025 subiu de 3,53% para 3,56%. O documento também mostra o mercado começando a se movimentar em relação à taxa Selic terminal. Na edição desta semana, as perspectivas para o final de 2024 passam de 9% para 9,13%.

O Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) registrou nova queda em abril, de 0,33%, depois de ter caído 0,17% em março, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). A FGV alertou, no entanto, que um possível reajuste dos combustíveis poderá reverter a tendência de desaceleração dos preços. Com o resultado de abril, o índice acumula queda de 0,73% no ano e de 3,81% em 12 meses. Em abril de 2023, o índice caiu 0,58% no mês e acumulava queda de 1,90% em 12 meses, informou a instituição.

Mais tarde, o Tesouro Nacional promove leilão de Notas do Tesouro Nacional da série B (NTN-B), título indexado à inflação, e de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), papéis pós-fixados (11h).

Na China, os dados foram inconclusivos. O PIB da China teve alta anual de 5,3% no primeiro trimestre, bem maior do que se esperava, mas tanto a produção industrial quanto as vendas no varejo do país avançaram menos do que o previsto em março. Além disso, o setor imobiliário chinês segue em dificuldades.

Às 9h36, o dólar à vista subia 0,93%, a R$ 5,2330. O dólar para maio ganhava 0,86%, a R$ 5,2390.

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