Ibovespa segue em baixa pelo 3º dia, a 127,4 mil, com recuo de 0,27% na sessão

Com poucos catalisadores para orientar os negócios nesta terça-feira, o Ibovespa teve mais um dia de variação contida, tendendo ao negativo pela terceira sessão consecutiva e retroagindo 872 pontos ante o mais recente fechamento positivo, da última quinta-feira, 16, então aos 128.283,62 pontos. Nesta terça, oscilou dos 127.205,34 aos 128.271,87 pontos, saindo de abertura aos 127.753,57. Ao fim, mostrava perda de 0,27%, aos 127.411,55 pontos, com giro a R$ 19,7 bilhões. Na semana, o índice acumula perda de 0,58%, limitando o avanço do mês a 1,18% - no ano, cai 5,05%.

A sessão mais recente em que o Ibovespa teve variação de ao menos 1% foi no último dia 9 - então, em baixa de 1,00%. Antes, em 3 de maio, o índice havia subido 1,09% na segunda sessão do mês, após ter encerrado abril pouco abaixo de 126 mil pontos. Desde 10 de maio - ou seja, há oito sessões -, as variações do Ibovespa têm sido inferiores a 0,5%, em ambas as direções, com a incerteza sobre a perspectiva para os juros, no Brasil como nos Estados Unidos, limitando o apetite por risco especialmente por aqui - tampouco induzindo uma queima de ações na B3.

Nesta terça, na ausência de novidades que sugiram mudança de posição, a cautela continuou a dar o tom aos negócios em São Paulo. "A semana tem se mostrado mais esvaziada, tanto em noticiário como em agenda de dados, no Brasil e no exterior", resume Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, destacando em especial as falas de autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) que se estendem aos próximos dias.

"Ainda há cautela com relação à inflação nos EUA, sem celebração de vitória quanto à convergência dos preços para a meta oficial, de 2% ao ano", acrescenta. Dessa forma, observa o economista, "os mercados têm operado estáveis, sem gatilhos para oscilações mais fortes" no momento. Em Nova York, contudo, com os leves ganhos desta terça-feira, tanto o S&P 500 (+0,25%) como o Nasdaq (+0,22%) voltaram a fechar em máximas históricas.

No front doméstico, a futura presidente da Petrobras, Magda Chambriard, tende a alterar a diretoria da empresa, ainda que preserve parte dos executivos. Um dos que devem permanecer, conforme apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), é o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Mauricio Tolmasquim. Para além da provável permanência de Tolmasquim - e de Carlos Travassos balançando na divisão de engenharia -, restam dúvidas nos bastidores quanto a diretores mais ligados a atividades-fim, relata do Rio o jornalista Gabriel Vasconcelos.

Ante a expectativa para a confirmação de Magda para a presidência pelo Comitê de Pessoas da estatal, nesta terça-feira, as ações de Petrobras, que acumularam perda de cerca de 12% na semana passada, mantiveram como na segunda-feira leve variação, nesta terça negativa no fechamento, com a ON em baixa de 0,75% (na mínima do dia no encerramento) e a PN, de 0,19%. O dia foi de oscilação discreta para outro peso-pesado do índice, Vale ON (-0,29%). Entre os grandes bancos, o desempenho no fechamento ficou entre -0,51% (Itaú PN) e +0,83% (Santander Unit).

Na ponta do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para alta de 10,22% em Yduqs, à frente de CSN Mineração (+2,42%), CPFL (+2,35%) e Eztec (+2,13%). No lado oposto, Vamos (-4,24%), Lojas Renner (-3,95%), Suzano (-3,72%) e Prio (-3,47%).

No noticiário externo da tarde, o presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, afirmou acreditar que a próxima mudança nos juros no Reino Unido será um corte, mas deixou em aberto quando o ajuste pode se concretizar. Durante evento da London School of Economics (LSE), ele não falou em um mês específico para a primeira redução nos juros no país.

Por sua vez, nos Estados Unidos, o diretor do Federal Reserve Christopher Waller reiterou nesta terça que não espera que os juros voltem a subir no país neste ciclo de ajuste da taxa de referência. Na mesma entrevista à CNBC, Waller afirmou que, caso a inflação colabore, pode haver corte de juros no fim de 2024 - embora tenha reforçado, também, a importância de primeiro haver ganho de confiança quanto à trajetória dos preços, antes de a instituição atuar sobre a taxa de juros.

Em linha com o que se viu nos rendimentos dos Treasuries na sessão, a curva de juros doméstica retrocedeu ao longo da tarde, mas o dia foi de apreciação do dólar frente ao real, ainda que discreta, a R$ 5,1168 (+0,24%) no fechamento, e de leve perda para o Ibovespa, na véspera da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve, que será conhecida na tarde desta quarta-feira.

O dia foi negativo, como na véspera, para o petróleo Brent e para a referência americana, o WTI. O governo Biden venderá 1 milhão de barris de gasolina dos estoques oficiais para reduzir preços nos EUA antes do feriado de 4 de julho, segundo comunicado. Para cumprir o prazo, o Departamento de Energia deve transferir o combustível ou entregá-lo até 30 de junho.

No Brasil, os investidores continuam atentos aos debates sobre a política monetária, com chance crescente de a Selic permanecer em 10,50% até o final do ano, observa a Guide Investimentos, em nota. "Após o relatório Focus de ontem indicar uma Selic de 10% no final de 2024, uma reunião de analistas com o Banco Central no Rio de Janeiro, também ocorrida na véspera, sugeriu possibilidade de elevação da taxa básica de juros. Outro ponto de atenção é a questão fiscal, que pode impactar também o câmbio", acrescenta.

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