Ibovespa fecha dia em queda de 1,55%, aos 131 mil pontos, e recua 2,83% na semana
Em dia de dólar em alta após uma longa sequência de apreciação do real, o Ibovespa acentuou perdas ao longo da tarde e testou a casa dos 130 mil pontos na mínima desta sexta-feira, 20, em nível não visto no intradia desde 12 de agosto e, no fechamento, desde o dia 9 daquele mesmo mês. Nesta sexta, o índice da B3 flutuou em faixa mais ampla, dos 130.907,42 aos 133.128,36, saindo de abertura aos 133.120,87 pontos. E fechou aos 131.065,44 pontos, em queda de 1,55%, que colocou a perda da semana a 2,83% e a do mês, até aqui, a 3,63%. Na semana anterior, o Ibovespa havia acumulado leve ganho de 0,23%, após revés de 1,05% no intervalo precedente.
O desempenho negativo na semana e no mês inclina o índice da B3 abaixo no ano, em recuo de 2,32% até esta sexta-feira - dia de vencimento de opções sobre ações, em que o giro financeiro foi a R$ 33,4 bilhões. A perda de quase 3% acumulada na semana foi a maior para o índice desde a queda, exatamente de 3,00%, no intervalo entre 20 e 24 de maio. E o recuo de 1,55% nesta sexta foi o maior para o Ibovespa desde a retração de 1,73% em 7 de junho. Das cinco sessões da semana que chega ao fim, o Ibovespa avançou apenas na segunda-feira - e só 0,18%
Na B3, dentre as principais ações, apenas as de Petrobras chegaram a ensaiar alta até o fim da tarde, mas cederam os ganhos e fecharam em torno da estabilidade (ON sem variação, PN -0,03%) - em sessão negativa para o petróleo, com o Brent em baixa de 0,5%.
Na ponta perdedora do Ibovespa, CSN (-7,63%), Magazine Luiza (-7,26%) e CVC (-6,97%). No lado oposto, Raízen (+2,28%), Embraer (+1,60%) e TIM (+1,30%). Entre as blue chips, Vale ON fechou em baixa de 1,51% e as perdas no setor metálico - além do forte ajuste em CSN, a maior queda do Ibovespa - foram também sentidas em Usiminas (PNA -5,62%) e Gerdau (PN -2,17%).
"Queda de 1,5% na sessão e de quase 3% na semana para o Ibovespa, com aversão a risco prevalecendo nesta sexta-feira. Lá fora, hoje também negativo, em correção após o otimismo que se seguiu ao corte de juros do Fed desde a tarde de quarta-feira. No doméstico, o ajuste de hoje refletiu muito a alta na curva de juros local, especialmente nos vencimentos de longo prazo, o que colocou a maioria dos papéis do Ibovespa em rumo negativo na sessão. Há percepção de que Selic possa subir mais, e num contexto que já envolvia receios do mercado quanto ao fiscal", diz Jennie Li, estrategista de ações da XP.
"Dia mais estressado do que o do costume recente, com a Bolsa vindo se mostrando bem estável na faixa acima dos 130 mil pontos. Importante ressaltar que a curva de juros abriu muito, embora a elevação da Selic em 25 pontos-base fosse amplamente esperada. Movimento de juros contra ações evidente desde então, com juros para cima e ações para baixo. E mercado ajustando também no câmbio, com dólar em alta hoje, mesmo considerando que deve vir fluxo com o diferencial de juros Selic em alta e Fed funds em baixa", diz Felipe Moura, analista da Finacap.
"Parece haver uma correção, uma realização de lucros em cima do 'fato'. Não vejo mudança estrutural em relação ao que vínhamos tendo, mas é preciso aguardar agora a ata do Copom na próxima terça-feira e outros desdobramentos", acrescenta. Nesta sexta-feira, além da progressão observada na curva de juros doméstica, o dólar à vista fechou o dia em alta de 1,78%, a R$ 5,5209.
"O cenário de cautela, na minha visão, também reflete uma correção após intensas apostas em cortes nas taxas de juros americanas que, no início da semana, levaram as T-notes a seus menores níveis em quase dois anos", diz Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital. "Com o avanço dos juros dos Treasuries, o dólar se valorizou, especialmente, em relação ao real que havia se fortalecido por sete pregões consecutivos", pondera. Ele menciona também aspectos domésticos, como a situação fiscal interna - e qual será a dimensão do esforço orçamentário do governo por meio do bloqueio de recursos, incerteza que contribui para a pressão no câmbio.
"Esses fatores elevam as taxas dos contratos de DI, que já precificam quase 100% de probabilidade de um aumento de 0,50 ponto porcentual na Selic na próxima reunião do Copom, prevista para novembro", observa Iarussi.
Nesse contexto de apelo ainda mais forte para a renda fixa, as expectativas quanto ao comportamento das ações no curtíssimo prazo estão mais pessimistas no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 37,50% esperam que a próxima semana será de perdas para Ibovespa e outros 37,50% preveem estabilidade. Por fim, os demais 25% estimam alta. No levantamento anterior, as respostas se dividiam entre ganhos (50%) e variação neutra (50%).
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