Piora no Focus, fiscal e queda do minério impedem alta do Ibovespa por NY e petróleo

O Ibovespa começa a semana em baixa apesar da elevação nas cotações do petróleo no exterior e das bolsas norte-americanas, em semana de agenda carregada aqui e lá fora. A piora nas projeções no boletim Focus para a inflação e a taxa Selic se soma às preocupações dos investidores com as dificuldades fiscais. Além disso, a queda de 4,50% do minério de ferro em Dalian, na China, é outro fator a empurrar para baixo o principal indicador da B3, ainda que tenha cedido 1,55%, aos 131.065,44 pontos na sexta-feira.

Nesta segunda-feira, 23, as atenções dos investidores ficam na entrevista do Ministério do Planejamento e Orçamento sobre o detalhamento do 4º Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, após o governo decidir rever o contingenciamento de R$ 3,8 bilhões no orçamento depois de projetar uma melhora na arrecadação de 2024, mesmo com frustrações na entrada de receitas extraordinárias.

"O pessimismo com o fiscal continua contaminando os mercados. A leitura inicial do relatório é de uma certa falta de responsabilidade do governo, que pode deixar para a divulgação seguinte meados de novembro algum ajuste. O contingenciamento anunciado foi só de quase R$ 2 bilhões, é um pouco frustrante", avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. Na sexta, os ministérios do Planejamento e da Fazenda anunciaram que o congelamento foi de R$ 15 bilhões para R$ 13,3 bilhões.

Além da queda do Ibovespa, os juros futuros e o dólar à vista ante o real avançam. "Coloca prêmio de risco incerteza fiscal. As taxas futuras avançam mais", completa o analista da Empiricus.

Há pouco, o Ibovespa quase perder a importante marca psicológica dos 130 mil pontos vista pela última vez em meados de agosto deste ano. Pela análise gráfica, deveria parar nos 130 mil pontos, diz Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil. "Mas os dados e explicações da semana definirão o curto prazo", completa, ao referir-se às divulgações da semana, como da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), IPCA-15 de setembro, o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e explicações sobre o fiscal no Brasil.

Quanto ao relatório Focus divulgado hoje, o mercado financeiro elevou a estimativa para a taxa Selic ao final de 2024, depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual e divulgou comunicado considerado "duro" por analistas. A projeção para a Selic passou de 11,25% para 11,50%, o que indica uma elevação de mais 0,75 ponto na taxa básica, hoje de 10,75% ao ano. Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a estimativa mediana em 2024 subiu de 4,35% para 4,37% e, para 2025, foi elevada de 3,95% para 3,97%.

O noticiário corporativo também fica no radar dos investidores. A Vale informou que o seu conselho de administração aprovou a data de 1º de outubro para início de Gustavo Pimenta como próximo presidente. Assim, Eduardo Bartolomeo encerra o seu mandato já no próximo dia 30 de setembro. Após cederem perto de 1,00%, as ações da Vale moderavam a queda a 0,23% perto das 11 horas.

"É uma boa notícia, pois vira a página em relação à sucessão da mineradora e o investidor não tem de esperar 2025 para ver o novo presidente atuar", diz Spiess, da Empiricus.

Já a Usiminas teve sua recomendação rebaixada de overweight (equivalente a compra) para underweight (equivalente a venda) pelo JPMorgan, que também diminuiu o preço-alvo para as ações de R$ 11 para R$ 5,50. As ações da Usiminas cedem em torno de 7,00%. Além disso, a gestora de investimentos Opportunity vendeu sua participação de aproximadamente 48% da Santos Brasil para a CMA CGM, empresa global de transporte e logística. Santos Brasil avança mais de 15%.

Às 11h14, o Ibovespa cedia 0,53%, aos 130.369,46 pontos, ante recuo de 0,66%, na mínima aos 130.195,65 pontos. Abriu aos 131.065,44 pontos, com variação negativa de 0,01% - mesmo nível da máxima. Petrobras subia entre 1,30% (PN) e 1,76% (ON).

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