Com risco geopolítico, Ibovespa fecha em baixa de 1,38%, aos 131,6 mil pontos
Após ter flertado na quarta-feira, 2, com os 135 mil pontos no intradia, o Ibovespa voltou a oscilar para baixo nesta quinta-feira, 3, marcada por cautela global em torno das tensões entre Israel e Irã. Ante o receio de escalada militar no Oriente Médio, o petróleo subiu 5% em Londres (Brent) e Nova York (WTI), movimento que apoiou as ações da Petrobras (ON +1,35%, PN +1,23%).
Contudo, as ações da estatal, sozinhas, não conseguiram dar suporte ao Ibovespa, que fechou em baixa de 1,38%, aos 131.671,51 pontos, bem mais perto da mínima (131.176,49) do que da máxima (133.513,79) correspondente à abertura.
O giro foi a R$ 23,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 0,80%, passando a cair também no mês (-0,11%) no agregado de três sessões. No ano, acumula perda de 1,87%.
Com Vale em queda de 1,92% e perdas entre os bancos que chegaram a 2,30% e 2,46%, respectivamente, para Santander e Itaú, o ajuste do Ibovespa não foi maior em razão de Petrobras, que acompanhou ao longe o salto nas cotações do petróleo. Na ponta do índice, destaque para Natura (+2,59%), PetroReconcavo (+1,83%) e Yduqs (+1,63%). No lado oposto, Assaí (-5,73%), Azul (-4,81%) e Carrefour (-4,74%).
"É provável que os comentários do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tenham contribuído para a queda generalizada" dos ativos de risco nesta quinta-feira, à exceção do petróleo, diz Inácio Alves, analista da Melver.
Nesta quinta, Biden admitiu haver uma discussão para definir se os Estados Unidos apoiarão ataque de Israel a instalações petrolíferas do Irã - declaração feita a jornalistas que foi decisiva para a escalada da commodity ao longo do dia, em meio a preocupações sobre a oferta em um importante produtor da região.
Ao ser questionado sobre "permitir" retaliações israelenses, Biden enfatizou que não atribui permissões ao país aliado, mas apenas o "aconselha". "Não vai acontecer nada ataque hoje. Falaremos sobre isso depois", acrescentou o presidente americano. Biden não mencionou o tipo de sanção que o governo dos EUA planeja impor ao Irã após o ataque de mísseis contra Israel no início da semana.
"Com a escalada do conflito no Oriente Médio, o mercado acionário global apresenta um grau adicional de risco a ser ponderado pelos investidores", diz Anderson Silva, sócio da GT Capital. "Surge a variável 'conflito', capaz de abalar qualquer tese de investimento fundamentada em premissas econômicas", acrescenta o especialista, observando que a crescente incerteza geopolítica se impõe, no momento, a outros fatores na análise de risco-retorno, tipicamente econômicos, como inflação, nível de juros, rentabilidade e precificação das empresas.
Ele também relativiza o efeito da recente elevação da nota de crédito soberano do País pela Moody's, a primeira das principais agências de rating a reaproximar o Brasil do chamado grau de investimento, considerado o selo de bom pagador. "Os investidores seguem demandando prêmios maiores para alocar capital no País, o que continua pressionando as curvas futuras de juros", acrescenta.
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