Bolsas da Europa fecham em baixa, pressionadas por escalada nuclear de tensões geopolíticas

As bolsas da Europa fecharam em baixa hoje, em sessão na qual foram pressionadas pela escalada das tensões geopolíticas no conflito envolvendo Ucrânia e Rússia. Uma mudança na postura nuclear por parte de Moscou impulsionou temores de que a guerra na Europa possa ingressar em uma nova fase, levando a uma onda de aversão a riscos.

O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 0,46%, a 500,52 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,67%, a 19.061,16 pontos. Em Paris, o CAC40 recuou 0,67%, a 7.229,64 pontos. Em Milão, o FTSE MIB teve queda de 1,28%, a 33.324,73 pontos.

Depois de uma abertura majoritariamente positiva, os mercados acionários da Europa assumiram claro viés de baixa após notícia de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, aprovou uma atualização da doutrina nuclear de Moscou, o que não acontecia desde junho de 2020. A iniciativa veio dias após os EUA autorizarem a Ucrânia a utilizar mísseis de longa distância de fabricação americana para ataques no território russo. Kiev lançou seis mísseis ATACMS em um ataque na região russa de Bryansk, afirmou o Ministério de Defesa da Rússia nesta terça-feira, dias após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, flexibilizar restrições para o uso de armas dos EUA por Kiev na guerra que hoje atingiu o marco de 1.000 dias.

No âmbito macroeconômico, foi confirmado hoje que a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro acelerou para 2% em outubro, ante 1,7% em setembro, voltando a ficar em linha com a meta oficial de preços do Banco Central Europeu (BCE). O dirigente do BCE Madis Muller sugeriu nesta terça-feira que outro corte de taxa de 0,25 ponto porcentual poderia ser possível antes do fim do ano, marcando potencialmente a quarta redução dos juros europeus em 2024. Muller enfatizou, contudo, que ele não vê razão para ajustes maiores nas taxas neste momento.

No Reino Unido, a queda da bolsa foi limitada por perspectivas para a trajetória de juros do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) após o presidente Andrew Bailey e outros dirigentes defenderem no parlamento britânico que há espaço para redução gradual das taxas, a depender dos dados. Em Londres, o FTSE 100 recuou 0,13%, a 8.099,02 pontos.

Entre ações individuais, a da Nestlé caiu 2,12% em Zurique, após a gigante de alimentos suíça reduzir sua meta de lucratividade para 2025. Em Madri, os papéis do Caixabank caíram 5,06%, com perspectiva para lucratividade mais fraca e renda resiliente à medida que as taxas de juros aumentam. Na cidade, o Ibex 35 caiu 0,83%, a 11.577,70 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 recuou 0,84%, a 6.359,62 pontos.