Dólar sobe de olho em Focus, fiscal e corte menor do Fed em 2025
O dólar sobe ante o real na manhã desta segunda-feira, 23, acompanhando a tendência da divisa no exterior bem como alta dos rendimentos dos Treasuries. Investidores precificam também aumentos projetados para inflação, déficit fiscal e dólar no Boletim Focus. E após aprovação do pacote fiscal na semana passada, o mercado considera necessário mais ações concretas de cortes de gastos e que apenas um discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegurando responsabilidade fiscal e independência às decisões do Banco Central não dissipa o clima de cautela.
Para a Warren Investimentos, o pacote de ajuste fiscal não garante o cumprimento das metas fiscais de 2025 e 2026, estimando uma economia de R$ 45,4 bilhões, inferior aos R$ 70 bilhões previstos em dois anos pelo governo. O BTG Pactual projeta uma economia de R$ 46 bilhões até 2026 e R$ 242 bilhões até 2030, também abaixo das estimativas do governo. O banco alerta que o dólar pode ultrapassar R$ 7,00 se o governo aumentar gastos e comprometer a credibilidade fiscal, mas seu cenário base prevê o dólar a R$ 6,25 no fim de 2024 e R$ 6,35 em 2026.
Nos EUA, o Congresso aprovou um projeto de lei que evitou a paralisação do governo americano, mas há expectativas de um ritmo mais lento de relaxamento monetário do Federal Reserve em 2025. O euro e libra recuam ante o dólar. Para o BBH, o rali da moeda americana deve continuar em 2025, diante da divergência com a postura mais dovish de outros bancos centrais, como o Banco Central Europeu (BCE), o Banco do Japão (BoJ) e o Banco da Inglaterra (BoE).
No radar desta segunda-feira estão dados de atividade nos EUA, onde os mercados encerram mais cedo nesta terça, 24, véspera do feriado de Natal, que fechará os mercados ocidentais e alguns na Ásia.
A moeda americana sobe, após fechar aos R$ 6,0721 na sexta-feira, baixa diária de 0,84%, mas subida semanal de 0,68% e mensal de 1,18%. Além dos leilões do BC, o dólar reagiu a declarações do presidente Lula de que dará autonomia a Gabriel Galípolo e o BC, mesmo diante de possíveis novos aumentos de juros. O BC aumentou em 100 pontos-base a Selic, a 12,25% ao ano neste mês e sinalizou mais duas altas do mesmo tamanho nas próximas duas reuniões, em janeiro e março.
O BC informou nesta segunda-feira que o fluxo cambial total do Brasil está negativo em US$ 14,699 bilhões em dezembro, até a última quinta-feira, 19. O fluxo financeiro é negativo em US$ 14,903 bilhões e o comercial, positivo em US$ 204 milhões.
As medianas do relatório Focus para o IPCA mensal de dezembro a fevereiro indicam uma inflação acumulada de 1,90% no período, contra 1,86% de uma semana atrás e 1,61% de quatro semanas antes.
A mediana para o IPCA de dezembro passou de 0,58% para 0,60%, contra 0,51% um mês antes; para janeiro de 2025 passou de 0,02% para zero, contra 0,49% há quatro semanas; para fevereiro passou de 1,26% para 1,30%, de 0,68% um mês atrás.
A mediana do relatório Focus para a cotação do dólar no fim de 2024 passou de R$ 5,99 para R$ 6,00, e para 2025 aumentou de R$ 5,85 para R$ 5,90. As projeções para 2026 e 2027 subiram para R$ 5,84 e R$ 5,80, respectivamente.
Em relação aos dados do setor externo, o déficit em conta corrente do País somou US$ 3,060 bilhões em novembro, maior para meses de novembro desde 2021. O investimento direto no país (IDP) somou US$ 6,956 bilhões em novembro, acima da mediana das estimativas do mercado (US$ 6 bilhões).
O ministro Flávio Dino, do STF, suspendeu o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares de comissão, atendendo a um pedido do PSOL sobre irregularidades nos repasses. Dino também determinou que a Polícia Federal investigue os repasses e que a Câmara dos Deputados publique as atas das reuniões que aprovaram as emendas, seguindo critérios de transparência. A liberação dos valores dependerá do cumprimento dessas exigências, incluindo os pagamentos previstos para 2025.
Às 9h40 desta segunda, o dólar à vista subia 1,24%, a R$ 6,1476. O dólar futuro para janeiro ganhava 0,84%, a R$ 6,1515.
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