Petrobras teve a queda mais dramática entre petroleiras latinas, diz FT
SÃO PAULO - Em matéria sobre o setor de petróleo em meio à queda do preço da commodity, o jornal britânico "Financial Times" destaca a situação difícil das companhias latino-americanas, afirmando que elas passaram do "ouro negro para o buraco negro".
A matéria, chamada "Como os campeões latino-americanos de petróleo perderam o seu orgulho", destaca que o colapso dos preços do petróleo durante os últimos 12 meses tem cortado os lucros, diminui os orçamentos e afeta os cofres dos governos.
No cenário pior, está a economia da Venezuela, cada vez mais próxima do calote, embora tenha feito um pagamento-fiança de US$ 1,5 bilhão na semana passada.
O FT também destaca que, no Brasil, além da queda do petróleo, a Petrobras é a empresa de petróleo mais endividada do mundo e é objeto de investigação da corrupção de bilhões de dólares. Neste cenário, fala-se até de resgaste feito pelo governo.
A Pemex, do México, perdeu US$ 30 bilhões no ano passado, enquanto a Ecopetrol, da Colômbia, também foi atingida pelo colapso dos preços. Espera-se que a petroleira colombiana registre o seu primeiro prejuízo anual desde que foi listada na Bolsa, em 2007.
"Em nenhum lugar, porém, a queda de graça é mais dramática do que a Petrobras, que há cinco anos lançou a maior oferta de ações da história, levantando US$ 70 bilhões", afirma o FT. A estatal possui US$ 105 bilhões de dívida e está lutando para cobrir os custos operacionais e pagar a dívida.
Resgate do governo
O jornal lembra um relatório do Credit Suisse de 11 de janeiro que alertou para o "risco de que, em algum momento, a empresa terá de recorrer a algum tipo de emissão de ações".
Enquanto isso, por outro lado, o governo brasileiro, que luta com a sua recessão mais profunda em um século e um deficit orçamentário que atingiu 10% do PIB no ano passado, não está em posição para socorrer a Petrobras.
Porém, pondera o FT, os baixos custos de produção de cerca de US$ 15 o barril significa que parte das empresas estatais latino-americanos pode continuar a produzir e ganhar dinheiro, mesmo aos atuais preços baixos. Por outro lado, o ajuste e o cenário de dificuldades segue.
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