"Não há atalhos para sair da crise, quem tentou não deu certo", diz ex-Fazenda
SÃO PAULO - A única saída para a pior recessão da economia brasileira é a implementação de reformas estruturais, como o novo limite ao avanço dos gastos públicos, aprovado no Senado nesta terça-feira (13), e a reforma da Previdência, em tramitação no Congresso.
O diagnóstico é do professor e economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Márcio Holland, para quem “não há atalhos nem milagres” para enfrentar a crise econômica. “Não tentem. Estive no governo e presenciei tentativas de atalhos e não foi bom, não deu certo”, disse Holland durante o evento "A Mudança do Papel do Estado", realizado em São Paulo pela Universidade Columbia em parceria com a FecomercioSP, a FGV e a UM BRASIL.
Holland, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 2011 e 2015 e professor visitante da Universidade Columbia, citou a frase de um assessor do presidente norte-americano Barack Obama, de que "não se pode desperdiçar uma boa crise". Para ele, a aprovação da PEC do Teto dos Gastos é um exemplo, já que deve levar ao reequilíbrio fiscal no longo prazo e deixar as contas públicas em situação mais confortável.
"A PEC 55 traz de volta a possibilidade do Brasil voltar a, quem sabe, ter condições de fazer políticas anticíclicas. É importante saber que o Brasil terá de volta esse instrumento de política fiscal", disse, em referência a medidas como as isenções fiscais e desonerações adotadas entre 2013 e 2015.
Defendendo uma agenda "estritamente de reforma", Holland argumenta que o Brasil gasta 8% do PIB com o regime geral da previdência, enquanto a média de países comparáveis é de 4%. “Ou seja, são 4% do PIB que vão para aposentadorias e deixam de ser gastos com investimentos em infraestrutura, por exemplo”.
Para ele, o gasto público brasileiro é redutor da produtividade do trabalho, uma vez que o regime de pensões atual “incentiva” trabalhadores ainda em idade ativa a abandonarem seus empregos, o que deve mudar se a reforma previdenciária for aprovada.
O ex-secretário da Fazenda considera que o País tem "muito dinheiro na mesa, mas gasta errado". Segundo Holland, a ineficiência do gasto atualmente é tamanha, que apenas o enfrentamento deste problema colocaria o País em uma rota de recuperação econômica. “O Brasil pode crescer muito fazendo apenas uma agenda de qualidade, de eficiência, de governança”, estimou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.