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Brasil recebe título de grau de investimento pela agência S&P

Da Redação<br>Em São Paulo

30/04/2008 16h05

O Brasil obteve nesta quarta-feira o título de grau de investimento pela agência de avaliação de rating Standard & Poor's.

Com esta nova nota, o país entra no grupo de nações consideradas de pouca possibilidade de inadimplência. Isso significa que o Brasil passa a ser visto como de baixo risco para aplicações financeiras de estrangeiros.

A nota de crédito (rating) para moeda estrangeira subiu de BB+ para BBB- com perspectiva estável e a nota para moeda local passou de BBB para BBB+, também com perspectiva estável. O rating para moeda local de curto prazo foi ajustado de "B" para "A-3".

"A elevação reflete o amadurecimento das instituições brasileiras e a estrutura de política, como foi evidenciado pelo alívio da carga de dívida fiscal e externa e (reflete) as melhores perspectivas de tendência de crescimento", diz a analista de crédito da S&P Lisa Schineller.

"O comportamento do Brasil durante a crise deu espaço para a S&P fazer isso. A economia doméstica está se sustentando bem, o risco-país se mantendo na faixa dos 200 pontos, o crescimento econômico está bom, tanto que o BC está até aumentando juros, mostrando responsabilidade quanto à inflação", afirma o economista-chefe da Fator Corretora, Vladimir Caramaschi.

Caramaschi é um dos que não acreditavam nessa nova nota para tão breve. "Eu particularmente não esperava para agora, em parte pela fragilidade fiscal do país e em parte porque achava que as agências seriam mais cautelosas neste momento de crise", diz.

Dólar mais baixo ainda
Na opinião do diretor-executivo da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Moura Nehme, esse grau de investimento veio em um momento difícil em que o dólar está com a cotação baixa.

"Isto vai facilitar o ingresso de moeda estrangeira, e a cotação vai ficar mais baixa ainda. É uma coisa boa, mas para o Brasil é perigosa", afirma.

Nicola Tingas, economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alertou apenas para um movimento especulativo na bolsa no curto prazo, mas disse que o Brasil terá novas oportunidades de atração de recursos.

"Estruturalmente o investment grade é uma excelente oportunidade para o país, inclusive para a diminuição dos juros e para atrair fundos, o que dá margem para o país ser ousado na área fiscal e na desoneração tributária", afirmou.

Por fim, o economista-chefe da López León Markets, Flávio Serrano, comenta que a crise mundial de crédito auxiliou o Brasil a conseguir o grau de investimento, pois mostrou que o país tem condições de superar problemas externos.

"Eu já previa que sairia neste ano ainda, mas é sempre uma boa notícia. Pela diferença (entre outros títulos) que o Brasil pagava, o mercado já considerava o Brasil como grau de investimento. Ele veio principalmente pela evolução das contas externas -o Brasil é credor líquido já- e pelas contas do governo, que teve superávit nominal", afirma.

O Brasil é a 14ª economia a ter seus créditos soberanos elevados para grau de investimento pela Standard&Poor?s. Existem outras agências de avaliação de risco, segundo as quais o país ainda não atingiu esse nível, como a Fitch e Moddy's que colocam o Brasil a um degrau do grau de investimento.

"A atualização reflete a maturação das instituições do Brasil e do quadro político, como demonstra a melhora no âmbito fiscal e da dívida externa, além da melhora nas perspectivas de crescimento", afirma.

A Standard & Poor?s diz que apesar de muitos países "pares" do Brasil, que também possuem grau de investimento terem dívida pública líquida menor, o modo como o Brasil vem gerindo seus compromissos atenua qualquer risco de ficar inadimplente.

Para a analista da S&P, "a dívida geral do governo continua mais alta do que a de muitos países classificados em 'BBB', mas um histórico bastante previsível de políticas fiscal e de administração de dívida pragmáticas mitigam esse risco", acrescentou ela.

A obtenção do grau de investimento pelo Brasil era esperada ainda em 2008 por grande parte dos economistas, mas havia alguns dissidentes que apostavam que essa mudança ocorreria somente no próximo ano.

(Com informações da Reuters)