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Chipre planeja cortar impostos e liberar cassinos para 'bombar' economia

Presidente do Chipre Nicos Anastasiades (esq.) e o arcebispo Crisóstomos 2º durante cerimônia do Dia da Independência do Chipre nesta segunda-feira (1º) - AP Photo/Petros Karadjias
Presidente do Chipre Nicos Anastasiades (esq.) e o arcebispo Crisóstomos 2º durante cerimônia do Dia da Independência do Chipre nesta segunda-feira (1º) Imagem: AP Photo/Petros Karadjias

Do UOL, em São Paulo

01/04/2013 11h39

Como parte de um pacote de medidas para tentar animar a economia do país, o Chipre planeja permitir cassinos e oferecer a empresas isenções de impostos sobre os lucros reinvestidos na ilha. O país enfrenta uma séria crise após o anúncio do confisco de parte das poupanças de investidores.

Os parceiros do Chipre na zona do euro concordaram com um pacote de resgate de € 10 bilhões na última segunda-feira (25), após semanas de negociações tensas. Contudo, segundo especialistas, os termos rigorosos do pacote podem aprofundar ainda mais a recessão na ilha, encolher o setor bancário e custar milhares de empregos.

O presidente Nicos Anastasiades, que falou aos ministros sobre a economia durante uma reunião informal, disse que o plano de crescimento será apresentado dentro dos próximos 15 dias.

O programa inclui medidas para atrair investimento estrangeiro à ilha e o afrouxamento dos termos de pagamentos e das taxas de juros sobre empréstimos.

Em uma tentativa de atrair mais turistas para o sul da ilha, o país também quer retirar uma proibição a cassinos, que são legais apenas no norte do Chipre, controlado pela Turquia.

Presidente do Chipre nega ajudar familiares a tirar dinheiro do país

O presidente do Chipre negou que tenha dado informação privilegiada para que seus familiares pudessem tirar dinheiro do país.

"Gostaria de deixar claro uma coisa sobre tudo isto: nem sabia nem teria sido possível dar informações privilegiadas justo no momento em que estava lutando na madrugada do sábado (15 de março) para evitar o que nos impuseram", afirmou o líder cipriota.

O jornal local "Jaravyi", ligado ao Partido Comunista AKEL, denunciou que uma companhia cipriota, cujo proprietário é parente distante do presidente, teria realizado uma transferência de 21 milhões de euros do Banco Popular (Laiki) para duas instituições financeiras em Londres, três dias antes do primeiro acordo com o Eurogrupo.

"Acho que isto já foi respondido" disse Anastasiadis ao se referir ao desmentido que a própria empresa publicou ontem.

O presidente ressaltou que, apesar de tudo, deu instruções para que a comissão encarregada de apurar responsabilidades políticas e bancárias em torno da crise investigue também "qualquer coisa que se relacione a mim ou aos meus familiares".

Russos fazem as malas para deixar o Chipre e fugir da crise

A russa Angelika Gulbiakova, que está há 17 anos no Chipre,  é chefe de vendas de uma agência de viagens que trabalha com russos residentes no Chipre: "Ultimamente nos ligam muitas famílias e pedem orçamento para sair daqui. Mas muitos estão confusos: perguntam, reservam, cancelam, voltam a reservar".

"Os únicos russos que chegam agora ao Chipre são aqueles que vêm para levar seu dinheiro embora", acrescentou.

Diferentes cálculos apontam que cidadãos russos possuem 15 bilhões de euros em contas no Chipre, além disso, 40% do investimento estrangeiro procede da Rússia.

Na década de 1990, o processo de privatização e venda dos restos do Estado soviético - promovido pelo mesmo FMI (Fundo Monetário Internacional) que agora também assiste ao Chipre- criou uma classe de ricos empresários.

Muitos deles enviaram seus fundos ao Chipre, por causa de baixos impostos e altos juros.

Com a crise no Chipre, porém, os russos podem retirar o dinheiro da ilha.

Uma fonte aeroportuária informou à Agência Efe que durante a primeira semana do fechamento bancário 40 aviões privados, em sua maioria russos, aterrissaram no aeroporto de Lárnaca e voltaram a decolar depois de alguns dias.

De Limassol, a cidade cipriota onde vive metade da comunidade russa, um arquiteto explicou à Efe que os dois clientes russos com os quais trabalha "não deram sinais de vida em duas semanas".

De fato, o prefeito desta cidade, Andreas Jristu, expressou seu temor diante da possibilidade que muitas empresas russas abandonem a ilha.

Os cipriotas já fazem contas para saber quanto custará a fuga de seus amigos da Rússia, como Melania, que gerencia uma pequena loja de comidas russas típicas.

Melania é de etnia grega, mas nasceu na Geórgia, quando este país ainda fazia parte da União Soviética. Com a queda do sistema socialista emigrou à Grécia e depois ao Chipre, onde viveu os últimos 14 anos.

"Quase todos nossos clientes são russos que trabalham em grandes empresas. Todos nos dizem que isto que está acontecendo é um roubo e que, enquanto não forem suspensas as restrições, sairão com seu dinheiro", comentou.

"Se eles forem embora, nós também teremos que fechar, porque os cipriotas que entram aqui nem sabem que o que estamos vendendo", lamentou.

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