Chipre precisa levantar 5,8 bilhões de euros até segunda, diz BCE
O Banco Central Europeu (BCE) deu ao Chipre até segunda-feira para levantar 5,8 bilhões de euros com o objetivo de fechar um resgate internacional, ou enfrentará a perda de recursos emergenciais para seus bancos e o inevitável colapso.
O ultimato foi dado no momento em que os líderes da ilha realizam discussões sobre um "plano B" para tentar levantar os recursos exigidos pela União Europeia (UE) e completar o resgate de 10 bilhões de euros. Os parlamentares rejeitaram na terça-feira (19) a possibilidade de confiscar parte dos depósitos bancários dos país para conseguir os recursos.
As autoridades disseram que as novas opções discutidas nesta quinta-feira podem incluir a nacionalização dos fundos de pensão de empresas semiestatais, a emissão de um título emergencial ligado à receita futura de gás natural ou um imposto sobre depósitos bancários revisado que atinja apenas grandes investidores, muitos deles russos.
O BCE, que tem mantido os bancos do Chipre operacionais com uma linha de liquidez, afirmou que o governo tem até segunda-feira para conseguir um acordo, ou os recursos serão cortados.
"Depois disso, a Assistência de Liquidez Emergencial (ELA, na sigla em inglês) só poderá ser considerada se um programa da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) estiver em vigor que garanta a solvência dos bancos em questão" informou o banco.
O presidente do banco central do Chipre, Panicos Demetriades, afirmou que espera fechar um pacote de suporte financeiro até segunda-feira. Ele não disse como.
O governo ordenou que os bancos permaneçam fechados até terça-feira. A Bolsa de Valores também suspendeu as negociações pelo resto da semana.
Havia longas filas em algumas agências bancárias em Nicósia, uma vez que os funcionários reabasteceram os caixas eletrônicos, que continuam a operar enquanto os bancos estão fechados desde a semana passada.
Mercados estão de olho no Chipre
Os mercados financeiros mundiais estão de olho na pequena ilha no mar Mediterrâneo, ao sul da Turquia. Membro da União Europeia, o Chipre é o quinto país a buscar ajuda financeira da zona do euro na crise da dívida do bloco --depois de Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha.
Apesar de a economia do Chipre representar apenas 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro, os mercados temem que medidas semelhantes abram precedentes e sejam tomadas em países maiores, como Espanha, onde o sistema bancário também está frágil.
O que motivou a cobrança do tributo sobre depósitos foi a fraca regulamentação do sistema financeiro do país. Os bancos do Chipre são conhecidos por serem utilizados para a lavagem de dinheiro de gangues de outros países. É estimado que quase a metade dos depositantes sejam russos não-residente no país.
Confisco dos depósitos bancários
O projeto de lei com emenda previa liberar da taxa os pequenos correntistas, com menos de 20 mil euros (cerca de R$ 51 mil) no banco.
Já os poupadores com depósitos entre 20 mil e 100 mil euros seriam taxados em 6,75%, e aqueles com mais de 100 mil euros pagariam uma taxa de 9,9%. Por exemplo, uma pessoa com 20 mil euros no banco, teria 1,350 euros abocanhados pelo governo cipriota. Já um correntista com 200 mil euros, "pagaria" 19.800 euros.
(Com agências)
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