Presidente do BC diz que não haverá tolerância com inflação
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta sexta-feira que não haverá tolerância com a inflação e que, neste momento, a autoridade monetária monitora "atentamente" todos os indicadores, levando parte do mercado a acreditar que a Selic será elevada na próxima semana.
"No futuro, vamos tomar decisões sobre o melhor curso para a política monetária", afirmou Tombini a jornalistas, em um pouco usual comentário a menos de uma semana de o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunir novamente para definir o futuro da taxa básica de juros, hoje na mínima histórica de 7,25% ao ano.
Tombini, que participa de encontro com presidentes de bancos centrais da América do Sul, foi questionado sobre a forte alta nos mercados futuros de juros nesta manhã, que aumentaram as apostas de início do aperto do ciclo monetário nos próximos dias 16 e 17, e respondeu que a autoridade monetária não comenta sobre reuniões futuras do Copom, mas fez uma ressalva.
"O Banco Central tem dito que não há e não haverá tolerância com a inflação. Nós estamos nesse momento monitorando atentamente todos os indicadores e obviamente no futuro vamos tomar decisões sobre o melhor curso para a política monetária."
Para o estratagista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno, o fato de Tombini ter dito que monitorará "atentamente" os dados econômicos deixou claro que a porta está aberta para elevação da Selic na próxima semana.
"Em todas as declarações até agora, Tombini não tinha usado essa palavra. Ele sabe que esse atentamente, num comunicado (do Copom), seria para indicar que subiria os juros", afirmou Rostagno, referindo-se a outros momentos em que o BC começou a elevar a Selic.
Pouco antes dos comentários de Tombini, os juros futuros já estavam subindo bastante com declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também disse que o governo combaterá a inflação e, se necessário, o BC elevará a Selic
Inflação estoura teto da meta
A inflação oficial superou o teto da meta oficial do governo em março, pela primeira vez em mais de um ano. Os alimentos mais uma vez pressionaram a alta dos preços no país, com o tomate sendo eleito o grande vilão da inflação (alta de 122,13% em um ano).
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 6,59% nos últimos 12 meses. É a maior taxa desde novembro de 2011, quando a inflação chegou a 6,64%.
O Banco Central, que se reúne na próxima semana para decidir sobre a taxa básica de juros, tem como meta a inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
(Com agências)
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