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IBGE: passagens aéreas subiram mais de 130% acima da inflação desde 2005

30/10/2013 08h40

O preço das passagens aéreas no Brasil aumentou 131,5% acima da inflação desde 2005, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A informação será apresentada pelo presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Flávio Dino, na reunião marcada para quinta-feira (31) entre o governo e representantes das companhias aéreas.

A conta foi feita com base em pesquisa nos sites das principais empresas de aviação do país, consultando voos de ida e volta, com partida aos sábados e retorno no domingo da semana seguinte. A antecedência da pesquisa é 60 dias para os meses de janeiro, fevereiro, julho e dezembro e 30 dias para os demais meses.

A Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) contesta os números. A Abear argumenta que não se pode medir o preço de uma tarifa com uma projeção de futuro, como a metodologia do cálculo do IPCA. Segundo as empresas, o preço das passagens têm comportamento dinâmico e podem mudar a qualquer momento, dependendo da demanda.

A entidade apresenta como contraponto a pesquisa da Agência Nacional de Aviação Civil, feita com os dados fornecidos pelas próprias empresas, que levam em conta apenas voos efetivamente comercializados. Segundo a entidade, entre 2005 e 2012, a média da tarifa doméstica caiu de R$ 575,47 para R$ 294,83, ou seja, uma redução de 51,23%. A variação da inflação, segundo o IPCA do IBGE, entre janeiro de 2005 e dezembro de 2012, foi 50,17%.

Preço será debatido entre governo e empresas

O preço das tarifas aéreas será debatido em reunião marcada para amanhã (31) entre o governo e representantes das companhias aéreas.

O objetivo do encontro, segundo ele, é tentar convencer as empresas de que os preços cobrados no país são altos demais. "Espero que eles colaborem, que haja uma compreensão de que se deve explorar o turismo, não os turistas", disse Flávio Dino, da Embratur, à Agência Brasil.

Segundo ele, o desequilíbrio entre demanda e oferta e o aquecimento do mercado faz com que haja práticas comerciais abusivas --que ficam mais evidentes no caso das festas de fim de ano e da Copa do Mundo do ano que vem--, sendo verificados aumentos de até 1.000% no preço das passagens.

"Não temos nenhum fator econômico objetivo no que se refere a custo ou tributação que justifique esse aumento, que é obviamente abusivo", acrescentou.

As quatro empresas que operam no Brasil –TAM, Gol, Azul e Avianca– vão participar da reunião de amanhã, além de representantes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da Secretaria de Aviação Civil e do Ministério da Justiça.

Acabar com liberdade de tarifas ou trazer concorrentes estrangeiras

Segundo Dino, se as empresas não atenderem ao "chamado do bom-senso", é possível que haja mudanças na regulação do setor, inclusive acabando com a chamada liberdade tarifária.

"A liberdade tarifária não é um dogma, pode ser revista a qualquer tempo. Esse seria um caminho, voltar a praticar uma administração de preços como já foi feito no passado", explicou.

Outra medida para reduzir o preço das passagens no país é ampliar a oferta mediante a abertura do mercado para empresas estrangeiras fazerem voos domésticos no Brasil.

"Se as empresas atuais não conseguirem ter práticas adequadas e oferecer bons serviços a preços justos, o mercado brasileiro é altamente atrativo para outras empresas". Segundo ele, não é válido o argumento de que essa ação levaria a uma desnacionalização do setor, porque as empresas atuais também já não são totalmente nacionais. Para essa mudança, seria preciso alterar o Código Brasileiro Aeronáutico.

Preços da hotelaria também estão na mira

Os preços da hotelaria também estão na mira da Embratur. Segundo o ranking que será apresentado na reunião, o Rio de Janeiro aparece em quarto lugar nas tarifas de lazer, com diária média de US$ 210, atrás apenas de Miami, Punta Cana e Nova York.

“Aí junta passagem aérea, que muitas vezes também é mais barata. É por isso que o cidadão de classe média prefere viajar para o México, para Montevideu, por isso que os voos internacionais estão abarrotados de brasileiros”. 

Para a Copa do Mundo, Dino defende que a Fifa e a Match, empresa suíça escolhida para intermediar as vendas de pacotes de turismo para a Copa, liberem os quartos que já foram adquiridos nas cidades-sede para que a oferta aumente e os preços sejam reduzidos.

“Constatamos que, além de eles terem o monopólio, colocaram uma taxa de intermediação de 40% sobre o valor que estão pagando, que é abusivo. Se não rompermos esse monopólio, temos uma oferta muito diminuta no mercado”, disse.

(Da Agência Brasil)