Rolezeiros gastam R$ 1.000 em Mizuno; classe A rejeita itens popularizados
“Gosto de usar roupas da Lacoste, Tommy Hilfiger, Oakley, Hollister, Abercombrie; todas que estão na moda”, diz o estudante Deivid Santana, 18, morador do Capão Redondo, bairro periférico na zona sul de São Paulo, que diz gastar até R$ 3.000 em roupas e acessórios a cada dois meses para usar nos rolezinhos.
“Pago minhas roupas só à vista. Nunca parcelado porque odeio dever aos outros.”, disse Santana.
Ele depende da renda da família para fazer as compras. O pai faz consertos em barcos e a mãe está desempregada. Para ajudar no consumo, revende parte das roupas que compra.
Quando não está no curso supletivo, onde finaliza o primeiro ano do ensino médio, ele vai aos shoppings Morumbi e Plaza Sul para comprar as roupas de grife.
Seu amigo Vinicius Andrade, 17, estudante, também morador do Capão Redondo, é um dos mais famosos do rolezinho. Com 94 mil seguidores no Facebook, na maioria meninas, ele diz que gasta até R$ 100 por semana para manter o visual ‘na moda’. Os bicos como promoter de bailes funk e a venda de roupas permitem a gastança.
Sem trabalho fixo, ele cursa o oitavo ano do ensino fundamental, após permanecer um ano sem estudar, devido à morte do pai.
“Quando eu ganho dinheiro, vou direto para o shopping. Era para o meu guarda-roupa estar supercheio, mas, por eu ser bonzinho, empresto roupas para os meus amigos e as vezes eles não devolvem”, declara Andrade.
Consumidora diz fugir das marcas que "caem na boca do povo"
Entre consumidores de classe média alta, há quem prefira não usar mais suas marcas preferidas depois que elas se tornaram mais populares pela fama dos rolezinhos.
"Se é um produto que eu gosto muito, vou continuar consumindo, mas acho que cai um pouco o nível. Quanto mais cair na boca do povo, essa é a marca de que eu fujo. Eu não sigo tendência por marca, não vou comprar porque tá todo mundo usando. É mais um motivo para eu parar de consumir”, afirma a jornalista Flávia Bucholtz, 41, moradora da região dos Jardins, bairro chique de São Paulo.
O gerente de logística Rodolfo Rodrigo, 23, também diz preferir evitar marcas que podem estar associadas ao rolezinho.
“Para mim, atrapalha. Eu não gosto (da associação). Geralmente as roupas do estilo rolezinho são muito ‘cheguei’. Gosto de coisa mais básica. A maioria da minhas roupas é da Calvin Klein.”
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