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Em pouco mais de um ano, taxa básica de juros passa de 7,25% para 11%

Do UOL, em São Paulo

02/04/2014 19h55Atualizada em 02/04/2014 21h03

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) dos atuais 10,75% para 11% ao ano. A decisão foi unânime e veio dentro do esperado pela maioria dos analistas

Com a decisão de hoje, a Selic volta ao patamar mais alto desde novembro de 2011, quando também estavam em 11% ao ano. Em março de 2013, os juros estavam na mínima histórica de 7,25%; desde então, o BC subiu a taxa em 3,75 pontos percentuais para tentar segurar a alta dos preços.

É a nona vez seguida que o BC aumenta os juros. Na primeira vez, em abril de 2013, a alta tinha sido de 0,25 ponto percentual. Nas seis reuniões seguintes, o BC acelerou o ritmo e subiu os juros em 0,5 ponto percentual. Na reunião passada, em fevereiro, voltou a reduzir o ritmo da alta para 0,25 ponto percentual.

A poupança continua rendendo com seu potencial máximo. Uma nova regra de 2012 estabelece que ela renda menos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5% ao ano. Nesse caso, a caderneta daria 70% da Selic mais a TR. Como está acima disso, o rendimento é o tradicional: 6,17% ao ano mais a TR.

BC indica que altas podem estar chegando ao fim

Em seu comunicado, o Copom disse que "decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic em 0,25 p.p." e que "irá monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".

Até então, o BC iniciava os comunicados sobre a Selic com a expressão "dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros".

"Para uma mensagem breve e lacônica, [houve] bastante alteração de sinalização", afirmou em nota o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves.

Taxa de juros é ferramenta para tentar combater inflação

A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia. Analistas já esperavam uma alta da taxa de juros para combater a alta de preços, que tem preocupado o governo. A inflação oficial subiu 0,55% em janeiro.

Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.

Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.

Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.

A taxa básica de juros orienta o restante da economia, mas há pouco impacto na vida prática de quem precisa usar o cheque especial ou cartão de crédito. Analistas dizem que essas taxas são tão altas que pequenas variações na Selic são incapazes de aliviar ou pesar no bolso no dia a dia.

Entenda o Copom

O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.

As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias em Brasília.

O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.

(Com Reuters)