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Inflação desacelera em junho, mas passa limite da meta em 12 meses, a 6,52%

Do UOL, em São Paulo

08/07/2014 09h05Atualizada em 08/07/2014 11h21

Os preços no Brasil subiram 0,40% em junho, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial. O resultado representa uma desaceleração em relação a maio, quando a alta dos preços tinha sido de 0,46%. Porém, é a maior taxa para o mês desde 2008 (0,74%). Em junho de 2013, a taxa tinha sido de 0,26%.

Com esse resultado, a inflação oficial acumulada em 12 meses é de 6,52%, levemente acima do limite da meta estabelecida pelo governo. A meta é manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, mas há tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo (ou seja, variando de 2,5% a 6,5%).

Legenda para gráfico do IPCA -  -

No primeiro semestre do ano, a inflação acumulada foi de 3,75%, acima dos 3,15% do primeiro semestre de 2013. 

O IPCA mede a inflação para as famílias com renda de um a 40 salários mínimos em nove regiões metropolitanas do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, além das cidades de Goiânia e Brasília.

O indicador é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde 1980, e foi divulgado nesta terça-feira (8).

BC deve arredondar valor para 6,5%

Com a inflação acumulada em 12 meses em 6,52%, o Banco Central ainda não precisa dar explicações por meio de carta aberta por ter ultrapassado o limite da meta do governo. Isso porque o BC adota a metodologia da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pode arredondar a segunda casa do IPCA após a vírgula. Nesse caso, arredondaria para 6,5%.

A última vez em que houve estouro do limite da meta e que o BC teve de publicar uma carta aberta foi em 2003, no primeiro ano do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando a alta do IPCA foi de 9,3%.

Efeito Copa: passagens aéreas e diárias de hotel puxam alta

Boa parte da alta da inflação em junho tem relação com a Copa do Mundo, especialmente por conta das tarifas aéreas e diárias em hotel. 

As diárias dos hotéis aumentaram 25,33% em junho, e as tarifas aéreas ficaram, em média, 21,95% mais caras, segundo o IBGE.

As diárias dos hotéis tiveram forte impacto no grupo chamado de Despesas Pessoais, que registrou alta de preços de 1,57% em junho, em comparação com alta de 0,8% em maio.

Já as tarifas aéreas puxaram a alta no grupo dos Transportes: passou de queda de 0,45% em maio para avanço de 0,37% em junho, mesmo com o litro do etanol e da gasolina mais baratos em 3,42% e 0,72%, respectivamente.

Alta de alimentos e bebidas desacelera pelo 3º mês; tomate 9,6% mais barato

O avanço dos preços de alimentos e bebidas desacelerou pelo terceiro mês seguido, de acordo com IBGE, passando de alta de 0,58% em maio para queda de 0,11% em junho. É o menor resultado desde julho de 2013 (-33%).

Os alimentos consumidos em casa chegaram a apresentar queda de 0,60% em junho, após alta de 0,41% em maio.

Entre os produtos que tiveram maior queda de preço destacam-se a batata inglesa, que ficou 11,46% mais barata, e o tomate, outrora vilão da inflação, mas que teve queda de 9,58% no preço em junho.

Entre os alimentos consumidos fora de casa, a alta dos preços desacelerou de 0,91% em maio para 0,82% em junho, com destaque para a refeição (de 0,96% para 0,75%), refrigerante (de 1,29% para 0,51%) e cerveja (de 0,34% para 0,01%).