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País fecha 2014 com rombo de US$ 91 bi nas contas externas, pior em 13 anos

Do UOL, em São Paulo

23/01/2015 10h43Atualizada em 23/01/2015 12h25

A diferença entre as transações do Brasil com o restante do mundo ficou negativa em US$ 90,948 bilhões em 2014, ou o equivalente a 4,17% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta sexta-feira (23). A diferença, que inclui tanto produtos quanto serviços, é chamada de conta de transações correntes.

É o pior desempenho desde 2001. O resultado também é pior que o previsto pelo BC, de US$ 86,2 bilhões.

Somente em dezembro de 2014, a conta foi negativa em US$ 10,317 bilhões. 

Em 2013, a conta tinha ficado negativa em US$ 81,1 bilhões, ou 3,62% do PIB. 

Balanço de pagamentos como um todo foi positivo

Esses resultados negativos foram registrados só numa das facetas do chamado balanço de pagamentos (as transações correntes).

Se forem considerados todos os demais itens, o resultado foi negativo em US$ 9,8 bilhões em dezembro, mas fechou 2014 com saldo positivo de US$ 10,8 bilhões.

Investimentos estrangeiros não cobrem deficit no ano

Quando o país tem deficit em conta-corrente (gasta além de sua renda), é preciso financiar o resultado com investimentos estrangeiros ou tomar dinheiro emprestado no exterior.

O investimento estrangeiro direto (IED), que vai para o setor produtivo da economia, é considerado a melhor forma de financiamento, por ser de longo prazo. Existem, porém, outras formas de financiamento, como os empréstimos e os investimentos estrangeiros em ações e em títulos de renda fixa.

Pelo segundo ano consecutivo, o IED não foi suficiente para financiar integralmente o deficit. O IED somou US$ 62,495 bilhões no ano passado, ou 2,87% do PIB. O BC esperava 2,88% do PIB ou US$ 63 bilhões. Somente em dezembro, o IED foi de US$ 6,650 bilhões. 

O que esperar de 2015?

Para este ano, a tendência é de mais um ano de dificuldade para as contas externas do país mesmo considerando a recente valorização do dólar em relação ao real, que pode ajudar nas exportações.

"A tendência para 2015 é que a balança comercial melhore. A primeira razão é a taxa de câmbio, depois a perspectiva de maior volume de comércio internacional e, na parte de petróleo, a expectativa de que tenhamos saldo comercial melhor (na conta petróleo)", afirmou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

A estimativa do BC é de rombo de US$ 83,5 bilhões em 2015 nas transações correntes do país. Em relação a IED, a projeção é de que ingressem US$ 65 bilhões, ou 2,95% do PIB, valor novamente inferior ao tamanho do deficit. 

Balanço de pagamentos é diferente de balança comercial

O balanço de pagamentos não pode ser confundido com a balança comercial. O balanço inclui todas as transações do Brasil com o exterior, comerciais, de serviços ou financeiras. Ele se divide em duas partes: transações correntes e conta de capital.

As transações correntes incluem a balança comercial (exportações e importações), a balança de serviços (juros da dívida externa, remessas de lucros e dividendos, viagens internacionais etc), e as transferências unilaterais (dinheiro mandado por brasileiros de fora do país, por exemplo).

A conta de capital e financeira é formada por aplicações em Bolsa, investimentos estrangeiros diretos (a criação ou ampliação de uma fábrica, por exemplo) e empréstimos concedidos ao Brasil.

O resultado entre as transações correntes e a conta de capital é que mostra se o balanço de pagamentos está positivo ou negativo. Com resultado positivo, as reservas internacionais do país crescem (quantidade de dólares em poder do governo).

(Com Reuters e Valor)