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Bancários recusam proposta, e greve começa na terça; é o 13º ano seguido

Alex de Jesus/O Tempo/Estadão Conteúdo
Imagem: Alex de Jesus/O Tempo/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

01/10/2015 21h11Atualizada em 02/10/2015 15h22

Os bancários recusaram a proposta de reajuste salarial apresentada pelos bancos e devem entrar em greve, por tempo indeterminado, a partir de terça-feira (6). Será o 13º ano seguido de paralisação da categoria. 

A greve já tinha sido recomendada pelo Comando Nacional dos Bancários na sexta-feira passada (25) e foi confirmada nesta quinta-feira (1º), em assembleia dos sindicatos de vários Estados e regiões. Os trabalhadores farão novas assembleias na próxima segunda-feira (5) para organizar o movimento. 

A paralisação foi confirmada pelos trabalhadores de ao menos 13 Estados e 8 capitais, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Porto Alegre. Veja a lista das regiões que decidiram aderir à greve, até as 21h30 desta quinta-feira (1º), segundo a Contraf-CUT:

Estados:

  • Acre (AC)
  • Alagoas (AL)
  • Amapá (AP)
  • Bahia (BA)
  • Ceará (CE)
  • Maranhão (MA)
  • Mato Grosso (MT)
  • Pará (PA)
  • Pernambuco (PE)
  • Piauí (PI)
  • Rio Grande do Norte (RN)
  • Rondônia (RO)
  • Roraima (RR)

Cidades e regiões:

  • ABC (SP)
  • Alegrete (RS)
  • Angra dos Reis (RJ)
  • Apucarana (PR)
  • Araranguá (SC)
  • Barretos (SP)
  • Belo Horizonte (MG)
  • Blumenau (SC)
  • Brasília (DF)
  • Campina Grande (PB)
  • Campinas (SP)
  • Campo Grande (MS)
  • Campo Mourão (PR)
  • Campos de Goytacazes (RJ)
  • Carazinho (RS)
  • Caxias do Sul (RS)
  • Chapecó (SC)
  • Cornélio Procópio (PR)
  • Criciúma (SC)
  • Curitiba (PR)
  • Dourados (MS)
  • Extremo Sul da Bahia (BA)
  • Feira de Santana (BA)
  • Florianópolis (SC)
  • Guarapuava (PR)
  • Guarulhos (SP)
  • Ipatinga (MG)
  • Itabuna (BA)
  • Itaperuna (RJ)
  • Jundiaí (SP)
  • Limeira (SP)
  • Londrina (PR)
  • Macaé (RJ)
  • Mogi das Cruzes (SP)
  • Niterói (RJ)
  • Nova Friburgo (RJ)
  • Paranavaí (PR)
  • Passo Fundo (RS)
  • Petrópolis (RJ)
  • Piracicaba (SP)
  • Ponta Grossa (PR)
  • Porto Alegre (RS)
  • Rio de Janeiro (RJ)
  • Rondonópolis (MT)
  • Santa Cruz do Sul (RS)
  • Santa Maria (RS)
  • Santa Rosa (RS)
  • São Paulo (SP)
  • Taubaté (SP)
  • Teófilo Otoni (MG)
  • Teresópolis (RJ)
  • Toledo (PR)
  • Três Rios (RJ)
  • Vale do Paranhana (RS)
  • Vale do Ribeira (SP)
  • Videira (SC )
  • Vitória da Conquista (BA)
  • Zona da Mata e Sul de Minas (MG) 

'Não paga nem uma coxinha'

A Federação Nacional de Bancos (Fenaban) apresentou uma proposta de 5,5% de reajuste para salários e vales, além de abono de R$ 2.500. 

O sindicato criticou a oferta, dizendo que não repõe a inflação e que representaria perdas de 4% para os trabalhadores do setor. Eles pedem reajuste salarial de 16%, incluindo reposição da inflação, mais 5,7% de aumento real.

"No vale-refeição, esses 5,5% não dariam nem para uma coxinha, representando apenas R$ 1,43 a mais no dia", afirma nota publicada no site do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. 

A Fenaban disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que "tem com as lideranças sindicais uma prática de negociação pautada pelo diálogo. A entidade reitera que continua aberta a negociações". (leia abaixo o posicionamento na íntegra)

Consumidor deve buscar alternativas

A greve dos bancos não tira do consumidor a obrigação de pagar as contas em dia, alerta o Procon de São Paulo.

A orientação do órgão é que os consumidores procurem as empresas que emitiram as faturas para pedir outras opções de pagamento. O comparecimento à sede da empresa e o pagamento em lotéricas ou pela internet, por exemplo, podem estar entre as opções oferecidas.

O órgão diz que o consumidor deve documentar o pedido feito às empresas, enviando um e-mail ou anotando um número de protocolo de atendimento telefônico. Esse comprovante pode evitar que ele tenha de arcar com multas e outros encargos por atraso no pagamento, caso a empresa não atenda o seu pedido. Se pagar os encargos indevidamente, a recomendação é que ele procure o Procon.

Caso a empresa dê ao consumidor outra opção de pagamento e, mesmo assim, a fatura não seja quitada em dia, ele poderá ter de pagar multa e encargos.

Bancos cobram juros de 400%, diz sindicato

"Esse foi o pior índice oferecido pelos bancos desde 2004. Perda real não é condizente com os resultados dos bancos, que tiveram lucro líquido de R$ 36,3 bilhões nos últimos seis meses", disse Juvandia Moreira, coordenadora do Comando Nacional dos Bancários. 

"As instituições financeiras estão colocando a categoria em greve de forma irresponsável, ao mesmo tempo que cobram juros de mais de 400% no cartão de crédito, prejudicando toda a população."

O que os bancários pedem?

As reivindicações gerais dos bancários são:

  • Reajuste salarial de 16% (incluindo reposição da inflação, mais 5,7% de aumento real);
  • PLR de três salários, mais R$ 7.246,82;
  • Piso de R$ 3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último);
  • Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 788 ao mês para cada (salário mínimo nacional);
  • Melhores condições de trabalho;
  • Fim das metas abusivas e do assédio moral;
  • Fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações;
  • Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários;
  • Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
  • Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
  • Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs). 

Leia o posicionamento da Fenaban

"A Federação Nacional de Bancos – Fenaban, ligada à Febraban, tem, com os sindicatos do setor, uma prática de negociação pautada pelo diálogo. A proposta econômica já apresentada às lideranças sindicais prevê a participação nos lucros dos bancos, de acordo com uma fórmula que, aplicada, por exemplo, ao salário-piso de um caixa bancário, de R$ 2.560,00, pode garantir até o equivalente a quatro salários.

No que diz respeito ao lucro dos bancos, a proposta, nos termos da Convenção Coletiva do setor, prevê distribuição de 5% a 15% do lucro líquido aos bancários, como regra básica, além da parcela adicional que distribui mais 2,2% do lucro de cada instituição, respeitados os tetos estabelecidos na convenção coletiva de trabalho.

A fórmula de cálculo dessa distribuição é idêntica à adotada anteriormente com aprovação dos sindicatos e pode chegar a mais de R$ 24.000,00, dependendo da lucratividade do banco. A participação nos lucros paga pelos bancos aos bancários é, há vários anos, um destaque dentre todas as categorias, pela sua abrangência e pelos valores individuais e coletivos envolvidos.

Os bancos pagarão, pela proposta da Fenaban, um abono imediato de R$ 2.500,00 a todos os 500 mil bancários, além de reajustar em 5,5% os salários praticados em 31 de agosto de 2015. O reajuste de 5,5% está em linha com a expectativa de inflação média para os próximos 12 meses.

A entidade avalia que a negociação das cláusulas não econômicas, ainda em curso, vem se desenvolvendo de maneira positiva, e reitera que continua aberta a negociações e avaliará contrapropostas que venham a ser apresentadas pelas representações sindicais."