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BC prevê queda de 3,6% no PIB, inflação de 10,8% e dólar a R$ 3,90 em 2015

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Do UOL, em São Paulo

23/12/2015 08h41Atualizada em 23/12/2015 10h26

O Banco Central calcula que a economia brasileira irá encolher 3,6% e a inflação chegará a 10,8% neste ano, de acordo com o relatório trimestral de inflação, divulgado nesta quarta-feira (23). A projeção é pior do que a divulgada no relatório anterior, em setembro, quando o BC falava em encolhimento de 2,7% da economia e inflação de 9,5%.

Segundo a estimativa do BC, o dólar deve fechar este ano em R$ 3,90 --mesma projeção feita em setembro. 

Para o ano que vem, a projeção do BC é de que a inflação chegue a 6,2%, também pior do que a expectativa anterior, de 5,3%, mas ainda abaixo do teto da meta do governo.

O objetivo do governo é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo (na prática, variando entre 2,5% e 6,5%). Quando a alta de preços supera o limite máximo, o presidente do Banco Central precisa escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando os motivos.

Ao longo do ano, o BC foi piorando suas projeções para a economia brasileira. Veja a evolução:

Projeção para o PIB

  • -0,5% em março de 2015
  • -1,1% em junho de 2015
  • -2,7% em setembro de 2015
  • -3,6% em dezembro de 2015

Projeção para a taxa básica de juros (Selic)

  • 11,75% a.a. em dezembro/2014
  • 12,75% a.a. em março/2015
  • 13,75% a.a. em junho/2015
  • 14,25% a.a. em setembro/2015
  • 14,25% a.a. em dezembro/2015 (não há mais reuniões sobre juros neste ano)

Projeção para o dólar

    • R$ 2,55 em dezembro/2014
    • R$ 3,15 em março/2015
    • R$ 3,10 em junho/2015
    • R$ 3,90 em setembro/2015
    • R$ 3,90 em dezembro/2015

    Projeção para a inflação

    • 6,1% em 2015 e 5% em 2016 (previsão de dez/14)
    • 7,9% em 2015 e 4,9% em 2016 (previsão de mar/15)
    • 9% em 2015 e 4,8% em 2016 (previsão de jun/15)
    • 9,5% em 2015 e 5,3% em 2016 (previsão de set/15)
    • 10,8% em 2015 e 6,2% em 2016 (previsão de dez/15)

    Sonho de inflação a 4,5% mais distante

    Em seu último relatório, o BC indica que a inflação no centro da meta do governo (4,5%) está mais distante de virar realidade.

    Até setembro, o BC dava a entender que conseguiria baixar a inflação para 4,5% até o final de 2016. No fim de outubro, porém, já tinha jogado a toalha, estendendo esse horizonte para 2017 diante do cenário de indefinições fiscais e turbulências políticas no Brasil.

    A projeção agora é de alta de preços a 4,8% ao final de 2017.

    No relatório divulgado nesta manhã, reforçou que "adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017".

    Provável alta de juros em janeiro

    A piora de estimativa em relação à inflação e os termos usados pelo Banco Central em seu relatório indicam que deve haver uma nova alta da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião, em janeiro. A taxa está atualmente em 14,25% ao ano.

    "Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom [Comitê de Política Monetária] reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante, para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos", trouxe o relatório do BC, divulgado nesta quarta-feira.

    Relatório orienta decisões do BC

    O Relatório de Inflação é publicado trimestralmente pelo Banco Central. Ele reúne indicadores da economia nacional e global, além de projeções para os próximos meses feitas pelo próprio BC e por analistas de mercado.

    O objetivo do documento é identificar a tendência da inflação, para embasar as decisões do BC a respeito dos juros. A cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, se reúne para definir a taxa básica de juros (Selic), que serve de referência para outras taxas. 

    Em geral, juros altos são usados para controlar a inflação, porque deixam o crédito mais caro e levam as pessoas a consumir menos, forçando os preços a caírem. Por outro lado, juros altos dificultam o crescimento, principalmente num momento de crise e desemprego, como o que o Brasil enfrenta.

    Projeções do mercado e do governo

    Analistas de mercado consultados pelo BC em sua pesquisa semanal, o Boletim Focus, afirmam que o país deve fechar este ano com a economia encolhendo 3,7%, inflação de 10,7% e dólar a R$ 3,90. Para 2016, eles esperam que o PIB encolha 2,8%, inflação de 6,87%, juros a 14,75% ao ano e dólar a R$ 4,20.

    O governo, por sua vez, estima que iremos fechar 2015 com retração de 3,1%, inflação a 9,99% e dólar a R$ 3,35, segundo as projeções mais recentes, divulgadas pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda em novembro.

    (Com Reuters)