Ônibus do futuro anda sozinho, tem 'lounge' e fala com semáforos; conheça
Imagine um ônibus que anda dentro da faixa, para no ponto e espera todos os passageiros subirem, respeita o sinal fechado e não dá freadas bruscas. Ele existe e está circulando em Amsterdã, na Holanda. Por enquanto, em caráter experimental.
O chamado "Future Bus" foi criado pela montadora Mercedes-Benz e praticamente anda sozinho, sem que o motorista precise segurar o volante, nem pisar no acelerador ou freio. Por meio de câmeras, sensores de radar e GPS, o ônibus sabe onde está, o que está ao seu redor e o que vai acontecer nos próximos momentos --com "centímetros de precisão", segundo a fabricante.
Mesmo assim, o motorista tem sempre a responsabilidade sobre a condução e pode assumir o comando a qualquer momento. Quando o motorista está no comando, as luzes dentro e fora do ônibus ficam brancas. Quando está no modo semiautônomo, as luzes ficam azuis.
O veículo está sendo testado na linha Aeroporto 300, que liga o aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, à cidade de Haarlem, e é usada por cerca de 125 mil passageiros por dia. O ônibus faz um percurso de quase 20 km em uma faixa exclusiva, como o BRT no Brasil. Ele circula com velocidade máxima de 70 km/h, limite que pode ser pré-programado.
Comunicação com os semáforos
A tecnologia usada no ônibus, chamada de CityPilot, foi baseada no sistema usado pela Mercedes-Benz no caminhão do futuro, apresentado há dois anos. O trajeto nas cidades, porém, inclui mais desafios para o piloto automático, como curvas fechadas, túneis e cruzamentos com semáforos. Por isso, o ônibus do futuro ganhou mais funções que o caminhão.
Um sistema específico faz a comunicação com a infraestrutura viária, usando uma rede sem fio com alcance em torno de 300 metros (a cidade precisa ter semáforos conectados). O semáforo informa ao ônibus se está vermelho ou verde e em quanto tempo deve mudar de cor. O ônibus pode automaticamente reduzir sua velocidade para dar tempo de o farol abrir, sem precisar parar, ou pode reduzir a velocidade até frear no farol vermelho, sem movimentos bruscos.
O veículo reconhece obstáculos e pedestres no caminho e freia sozinho. Também para automaticamente nos pontos de ônibus, onde abre e fecha suas portas --um sensor informa que os passageiros estão entrando e as portas só fecham quando todos já estão a bordo. Para operar em túneis, onde o GPS e a internet não funcionam, o sistema lança mão das câmeras.
Lounge e carregador de celular
O ônibus do futuro tem cerca de 12 metros de comprimento, piso baixo e foi dividido em três áreas principais: na frente, perto do motorista, fica a área de "serviço", para quem precisa pedir ajuda, por exemplo; no meio, perto das portas, fica a área "expressa", para quem vai descer rápido; atrás, fica o "lounge", para os passageiros que fazem viagens mais longas. Ali, é possível carregar a bateria do celular usando um sistema sem fio.
O veículo tem monitores na área central, onde é possível transmitir informações ou criar um sistema de entretenimento, por exemplo.
O desenho interno do ônibus foi inspirado em praças e parques: segundo a equipe responsável pelo design, os assentos lembram bancos, e as barras verticais onde os passageiros podem se segurar parecem árvores, com seus galhos e folhas.
O objetivo, segundo a fabricante, foi fazer um design "cool' e estiloso, atraente para os jovens, para tornar o transporte público mais atraente.
Mas tem um porém: o protótipo tem apenas 20 lugares e não tem espaço reservado para carrinhos de bebê ou cadeirantes. A empresa diz que o objetivo foi introduzir um novo conceito e que esses pontos devem ser repensados quando o veículo for comercializado.
Sem previsão de estreia
A fabricante aponta quatro principais vantagens da direção semiautomática no ônibus: 1) alivia a carga de trabalho do motorista e torna a direção mais segura; 2) torna o percurso mais confortável para os passageiros; 3) diminui o consumo de combustível e as emissões de poluentes; e 4) reduz o desgaste de peças e aumenta a vida útil do veículo.
Do primeiro desenho até o protótipo que circula em Amsterdã foram dois anos de trabalho. A montadora não informa quanto gastou com esse projeto especificamente, mas diz que pretende investir cerca de 200 milhões de euros (R$ 723 milhões) até 2020 no desenvolvimento de sua linha de ônibus urbanos.
Por enquanto, a montadora não tem previsão sobre lançamento comercial, muito menos a possível vinda desse ônibus para o Brasil, mas diz que a América Latina é um dos principais mercados para veículos BRT.
Antes de transformar o protótipo em produto comercial, a Mercedes diz que são necessários "vários milhões de quilômetros de testes", além de leis e regulamentações para modelos autônomos em cada país. A montadora afirma, porém, que espera implementar em seus veículos comerciais algumas inovações do ônibus do futuro no começo da próxima década.
A empresa também diz que "não é hora de botar preço", mas que ele "vai ser acessível" --o valor inicial deve ser mais alto, mas o custo de manutenção deve ser mais baixo que o dos ônibus atuais.
* A jornalista viajou a convite da Daimler.
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