IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Número de imigrantes com carteira assinada no país mais que dobra em 5 anos

Ana Cristina Campos

Da Agência Brasil

07/12/2016 15h21

O número de trabalhadores imigrantes com carteira assinada no Brasil mais que dobrou em cinco anos, passando de 54.333 em 2010 para 125.535 no final de 2015. Apesar do aumento, os trabalhadores imigrantes correspondem a menos de 0,5% da força de trabalho no mercado formal. 

Os dados estão no "Relatório Anual 2016 - A inserção dos imigrantes no mercado de trabalho brasileiro", do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), parceria entre o Ministério do Trabalho e a Universidade de Brasília (UnB), e foram divulgados nesta quarta-feira (7).

De acordo com os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), de 2010 a 2015, a tendência era de aumento no número de imigrantes em vagas formais de trabalho.

Crise e desemprego

Diferentemente do que ocorreu nos países do Hemisfério Norte, onde a crise econômica afetou primeiramente os imigrantes, no Brasil, até setembro de 2015, com o país já vivendo uma crise econômica, o número de admissões de imigrantes no mercado de trabalho formal superou o de demissões. Em 2015, o número de admitidos alcançou 54.086 e o de demitidos, 48.039.

No entanto, entre outubro de 2015 e junho de 2016, pela primeira vez na década atual e desde o começo da crise econômica, os imigrantes passaram a ser afetados também com a perda de emprego.

O relatório mostra que, no período, a movimentação dos trabalhadores imigrantes no mercado formal teve balanço negativo, com o número de demissões superando as admissões. No primeiro semestre de 2016, foram admitidos 19.734 imigrantes e demitidos 24.965.

"O desemprego não é homogêneo, mas a crise chegou com força também aos imigrantes", disse o professor da UnB e coordenador do OBMigra, Leonardo Cavalcanti.

Segundo ele, para a reinserção dos imigrantes é necessário elaborar políticas públicas de mobilidade laboral e geográfica. "Os imigrantes estão abertos a mudar de área. A construção civil empregava muita gente e passou a demitir. De repente, (poderiam se) mudar para outros fluxos como o final da cadeia produtiva do agronegócio, onde os imigrantes estão trabalhando no Sul do país, com o abate de suínos e de frangos".

Distribuição espacial

As regiões Sudeste e Sul são as que mais absorvem trabalhadores imigrantes. Em 2010, São Paulo empregava 48,5% dos imigrantes, sendo que a capital paulista, naquela ocasião, registrava 28,7% do total de trabalhadores migrantes do país.

Em segundo lugar, vem o Estado do Rio de Janeiro, com 15,8% dos imigrantes. A capital fluminense concentrava 11,4% da mão de obra estrangeira.

Reunidos, esses dois Estados e mais Minas Gerais faziam com que o Sudeste atraísse cerca de 70% desses trabalhadores. Em seguida, aparecia a Região Sul com aproximadamente 17%.

Em 2015, o Estado de São Paulo perdeu importância relativa passando a acolher 35,8% da força de trabalho imigrante. O Rio de Janeiro (9,8%) passa a empregar menos que Paraná (12,9%), Santa Catarina (12,8%) e Rio Grande do Sul (10%). Entre as capitais, São Paulo emprega 20,3% e Rio de Janeiro, 6,8%.

Perfil

De modo geral, predomina uma população imigrante jovem, masculina e com nível de escolaridade médio e superior.

Entre os grupos ocupacionais que tiveram um aumento significativo da presença de imigrantes entre os anos de 2010 a 2015 estão os trabalhadores da produção de bens e serviços industriais e trabalhadores em serviços de reparação e manutenção.

Haitianos

Nos primeiros anos da década de 2010, o maior incremento dos trabalhadores imigrantes ficou por conta dos haitianos. Eles passaram a ser a principal nacionalidade no mercado de trabalho formal desde 2013 e se mantêm nessa posição.

O número de haitianos trabalhando com carteira assinada passou de 815 imigrantes em 2011 para 33.154 em 2015. Segundo o estudo, em 2013, os portugueses, até então maioria, foram superados pelos haitianos, que em 2015 representavam 26,4% da força de trabalho imigrante com carteira assinada no Brasil.