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Sou exemplo de como precocidade é ruim para a Previdência, diz Temer

Presidente Michel Temer em entrevista a Roberto D"Ávila - Reprodução/GloboNews
Presidente Michel Temer em entrevista a Roberto D'Ávila Imagem: Reprodução/GloboNews

Do UOL, em São Paulo

23/03/2017 00h31

Ao comentar a proposta de reforma da Previdência em entrevista ao jornalista Roberto D’Avila, levada ao ar no final da noite desta quarta-feira (22) pela GloboNews, o presidente Michel Temer, que se aposentou aos 55 anos de idade, disse ser um "exemplo claro de como a precocidade é prejudicial para a Previdência”. “Embora eu tivesse cumprido todos os requisitos à época, quando a expectativa de vida era menor, passados 20 anos, estamos aqui trabalhando”, disse.

Ao ouvir que os pobres reclamam mais da reforma, porque, deverão ser os mais afetados, Temer foi enfático ao dizer que os mais pobres reclamam mais “porque são influenciados”. “Temos cerca de 63% de pessoas, até lamento dizer, que ganham o salário mínimo. E o mínimo da aposentadoria já é o salário mínimo. Então, você já tem 63% que já ganha o máximo”, argumentou.

Com relação a outro ponto polêmico da proposta, a de que, para receber 100% do valor da aposentadoria, o trabalhador brasileiro terá, na prática, que contribuir para o INSS por 49 anos, Temer disse que tal afirmação, atribuída a “quem ganha mais”, não é verdadeira. “Data vênia, é falso. Você, quando tem um mínimo de 25 anos de contribuição, pode se aposentar com 65 anos. Daí, você se aposenta com 51% mais 25%. Você parte de 76%. Se você trabalhou 35 anos, você vai para mais 10 pontos”, calculou.

Sobre a decisão de deixar de fora da mudança os servidores municipais e estaduais, anunciada um dia antes, na terça-feira (21), Temer disse que o objetivo foi corrigir sua “única falha” com relação à proposta enviada ao Congresso. “Quando nós mandamos a reforma da Previdência, nós invadimos uma competência do Estado membro da Federação. Ora bem, quando você fixa em nível federal e nível constitucional uma determinação para o Estado agir desta ou daquela maneira em relação à Previdência social, você está interferindo na autonomia do Estado. Eu me dei conta disso”, disse.

Ele disse que havia sido alertado por deputados e senadores com quem tem se reunido para discutir a aprovação da reforma de que a pressão contrária à iniciativa vinha justamente desses servidores locais. “Então, ontem, eu declarei que esta matéria fica para os Estados e por uma razão singela: há Estados que já fizeram a reforma previdenciária, há Estados que não querem e não precisam fazer, e há Estados que querem fazê-la. O Estado é que decidirá.”

Operação Carne Fraca

Temer disse ver com “certa tristeza cívica” a polêmica em que está envolvida a operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira pela Polícia Federal. Acredita que os danos causados ao país serão muito maiores do que poderiam ter sido não fosse o "espetáculo" injustificado na divulgação da operação, principalmente diante do número de frigoríficos investigados (21) -- o qual representaria uma "porção diminuta" dentre um universo de 4.838 plantas frigoríficas.

Quanto à possível ligação do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, com o fiscal agropecuário investigado Daniel Gonçalves Filho, revelada por meio de conversa telefônica na qual ele, à época deputado federal, chama o servidor de “grande chefe”, Temer minimizou o caso dizendo ser uma mera conversa relacionada a uma situação específica do Estado do Paraná e que “cada um usa a expressão que achar que deva usar”.