Falta vergonha na cara dos corruptos no Brasil, diz presidente da Siemens
Paulo Stark, presidente-executivo da Siemens no Brasil, disse numa palestra a empresários que "falta vergonha na cara" de corruptos e que escândalos com empresas privadas acontecem quando só se pensa no lucro acima de tudo.
"O que mais falta neste país é vergonha na cara das pessoas que cometem grandes, médias ou pequenas corrupções", disse o executivo da multinacional alemã.
Ele fez as declarações durante o Fórum CEO Brasil, do Experience Club, na Praia do Forte, município de Mata de São João (BA). Participam do evento cerca de cem presidentes de empresas brasileiras e multinacionais.
Empresa enfrentou escândalos
Nem sua própria empresa escapou dessa situação. Ele assumiu a direção, em 2011, para tentar recuperar a imagem da Siemens, abalada por dois escândalos: um mundial e outro nacional.
A companhia admitiu ter criado um sistema organizado de subornos em diferentes países para ganhar concorrências de obras públicas.
No Brasil, teria pago pelo menos 8 milhões de euros (R$ 30 milhões) em suborno para venda de equipamentos de metrô e trens em São Paulo no Distrito Federal.
A assessoria de imprensa da empresa enviou uma nota em que diz que "em 2013, a Siemens compartilhou com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e mais autoridades suas suspeitas de prática de cartel. Ao contrário do que foi veiculado, não foram encontradas evidências de prática de corrupção envolvendo a empresa".
Na época, as ações da empresa na Bolsa despencaram e sua reputação foi atingida duramente. Os custos de recuperação, com processos, multas e outras questões legais, são estimados entre 500 milhões (R$ 1,9 bilhão) e 2,5 bilhões de euros (R$ 9,3 bilhões).
"Vergonha do que fizemos"
Stark disse que a empresa lamenta todo o escândalo. "Nós temos muita vergonha do que fizemos."
Para ele, um dos pontos a se observar numa empresa é sua filosofia. "O foco único e exclusivo no resultado financeiro é o que levou ao escândalo." Ele fez um alerta: "Nas empresas que são assim, que tomem cuidado com isso".
Sempre pode acontecer de novo
As companhias precisam monitorar os movimentos para evitar esses desvios, diz o executivo.
"No mundo, há uma porcentagem de pessoal mal-intencionadas, criminosas. Sua companhia vai ter ter também. Então, cuidado para evitar que essas possam agir."
Ele disse que é preciso sempre vigilância, na Siemens inclusive, "para que não aconteça de novo do mesmo jeito ou até pior".
"Você tem de fazer na prática o que você defende no discurso. E começa pelo dono. A Odebrecht não fez isso", disse em referência ao escândalo de corrupção que envolve a empresa e o setor público.
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